sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Prato meio vazio

Quem diria: estou perdendo o tesão na São Paulo Restaurant Week.

A cada nova edição do festival, eu repetia o ritual: entrava no site, estudava os cardápios de cada uma das centenas de casas participantes e montava uma programação, feito aqueles cinéfilos em véspera de Mostra. Depois, ainda dividia minha seleção no blog e no Facebook. Desta vez, não me sinto motivado a repetir a dose. Há erros e acertos, tive experiências que valeram a pena, outras nem tanto. Mas os inconvenientes têm pesado cada vez mais.

Pra começar, com a popularidade do evento, as casas estão invariavelmente lotadas, e muitas passaram a reservar mesas com antecedência, então você liga e eles já não têm mais vaga até o fim do festival. Em relação aos menus, sempre foi preciso fazer uma peneira para achar pratos interessantes. Para continuar fechando a conta no preço estipulado pelo festival, os restaurantes foram diminuindo o tamanho das porções, e hoje em dia a esmagadora maioria serve pratos tão reduzidos que o comensal nem chega a saborear a comida direito.

Isso sem falar que o fator economia, principal chamariz da SPRW, está cada vez mais relativo. A conta não fica nos R$32 ou R$42 por pessoa anunciados, pois o preço dos menus não inclui o couvert sorrateiramente deixado sobre a mesa, as bebidas cada vez mais inflacionadas (o Santa Gula cobra quase R$9 por um suco de tangerina!), nem o serviço. Movido pelo apelo de aproveitar a duração limitada do festival, você acaba comendo fora muito mais vezes e gastando muito mais dinheiro no fim do mês do que num período normal, o que significa que a SPRW acaba saindo uma brincadeira cara.

No fim das contas, acaba valendo mais a pena ir aos restaurantes fora da SPRW, nem que seja para pedir apenas o prato principal. Para gastar a mesma coisa do festival, você sacrifica a entrada e/ou a sobremesa, mas pelo menos recebe um prato feito e servido com boa vontade (ainda existem casas que tratam o cliente da SPRW como cidadão de segunda classe), numa porção honesta, sem cara de amostra grátis. E sem passar pelo perrengue de reservas, filas e lotação, que vai deixando a experiência de comer fora cada vez menos prazerosa.

6 comentários:

Lilululuku disse...

Idade é phoda... rsrsrs
Toda vez que me pego tendo uns pensamentos assim acabo lembrando da adolescência, em que qualquer programa, por mais indígena que fosse, era sempre uma festa!

Daniel Cassus disse...

Só pra saber, vai até quando a SPRW?

Thiago Lasco disse...

Daniel, aqui em SP é de 5 a 18 de setembro, ou seja, vai até o fds que vem!

Rodrigo disse...

O de POA este ano estava bem interessante.

Wans disse...

È bacana ler algo dizendo realmente o que rola nesses festivais gastronômicos, pois a impressão é que comeremos pra caralho e pagaremos uma bagatela.

Bjão!

Walker disse...

Demorou pra vc se desencantar com o RW... Qualidade cada vez pior... Valeu a pena no início...