terça-feira, 24 de março de 2009

Volt, Sonique e Piaf: novas opções pré-balada

São Paulo tem a melhor noite do Brasil? Pode ser, mas ainda há espaço para fazer muita coisa. Uma de suas principais lacunas é a falta de bares legais para o público gay. Como eu já comentei aqui, nos anos 90 era mais comum o povo tomar na rua os drinks antes da boate; aos poucos, esse hábito foi perdendo força, e hoje os melhores esquentas são os chill ins esporádicos na casa dos outros. É uma delícia ser recebido pelos amigos, mas tem dias em que a gente quer sair, ver gente nova, só não quer fritar num clube de descamisados até altas horas. Nessas horas que pedem um fervo light, bons bares fazem falta. A gente vinha se virando com o Ritz, o Bar da Dida, o L'Open, mas cada um deles tem suas limitações (que não vou comentar aqui). A boa nova é que o circuito de bares friendly da cidade ganhou reforços - e finalmente fui conferi-los.

Primeiro fui ao Volt, nova cria de Facundo Guerra, do Vegas. Estreito e comprido, o bar é todo decorado com néons que os inferninhos da rua Augusta tiveram que remover por causa da Lei Cidade Limpa. Eles são a alma da decoração, que, no mais, tem apenas espelhos e uma parede de plantas (ops, "jardim vertical") no fundo. Nas mesas, uma fauna ampgalaxy: aqueles modernos meio assexuados que freqüentaram a Ouro Fino e o Lov.e e hoje usam bigode (é fashion), bonés e sneakers coloridos. Todo mundo já se conhece, então não convém chegar sozinho se você não for da tchurma absurdinha. Rádios virtuais de música eletrônica dão conta do som. O lugar é bacaninha, mas bem caro: pedi um único drink e 2 petiscos e gastei quase R$60, sendo que a trouxinha de queijo de cabra com tomatinhos assados era farinhenta e praticamente sem recheio (o gerente ouviu minha queixa com atenção, tomara que melhorem). Na porta, uma discreta door policy (coisa mais anos 90, que chato). Entrei sem problemas, mas amigos disseram que foram barrados porque a casa estaria cheia para recebê-los.

Enquanto o Volt faz a linha discreta, tipo ação entre amigos, o Sonique [foto superior] vem causando frisson, em uma parte cada vez mais disputada da rua Bela Cintra (Exquisito!, Bar Leblon, 269). A lógica do ambiente, um único volume retangular, lembra o D-Edge: linhas retas, lounges de sofás no canto direito, balcão do bar à esquerda, barras de luzes que piscam no teto. O cardápio tem drinks (também caros) e comidinhas; a música, muito boa, é num volume intermediário que permite conversar (alto) e dar uma dançadinha (leve). Mas eu achava que era um bar gay friendly e agora não estou entendendo nada: fui numa quarta com dois amigos e éramos os únicos três que não faziam a linha mauricinho-pós-Vila Olímpia. O segurança comentou comigo que, na véspera, "só tinha viado, 90% gay, tava duro aqui" e, na semana seguinte, a casa passou a impor uma consumação de R$40 - só para os homens. Ou seja, parece que o Sonique está tentando barrar a bicharada da vizinhança para se tornar apenas mais um reduto mauricinho da cidade. O que não nos impede de freqüentar, porque o lugar é legal (e ai de quem me censurar se eu beijar alguém lá dentro).

Por último, fui conhecer o Piaf [foto inferior]. A localização, no trecho mais low profile da Al. Franca (antes da 9 de Julho), já dá o tom: o lugar é calmo e aconchegante. A simplicidade do ambiente, claro e clean, é quebrada por detalhes de bom gosto, como as echarpes coloridas penduradas em algumas paredes. A parte mais bonita é o bar, com estilosos lustres bordô e uma peça de madeira rústica do Embu fazendo as vezes de balcão. O dono, gay, me explicou que não quer restringir a proposta da casa a esse público; na prática, o que se vê são alguns grupos de caras mais comportados, a maioria na faixa dos 30 aos 50, e suas amigas simpatizantes. No extenso menu, o caro sai barato e vice-versa: medalhão de filé a R$22 e um pratinho com quatro raviólis a R$31. Não pude provar a caipiroska de tangerina com pimenta rosa, hit da casa, porque a fruta tinha acabado. O ponto fraco é a música: eles precisam dar um trato urgente na coleção de CDs (ou arranjar um bom iPod). Cheguei a ouvir algumas músicas dance por quatro vezes em pouco mais de 2 horas (!), intercaladas pelo tango eletrônico da abertura de A Favorita. Com ajustes mínimos, um lugar fofo e do bem, ideal para comemorar um aniversário intimista.

18 comentários:

Unknown disse...

Bacana! Este post apareceu em uma ótima hora! Justamente quando irei passar esse findex em Sampa!

Vou esquentar em um dos 3...

Bejon!

Anna V. disse...

legal. estava curiosa para saber como são esses lugares. valeu pelo review. =)

OOM disse...

nossa, havia comentado "an pasan" quando foram lançados... porém ainda não havia visto nenhum cometário...

vcs estão bem mais servidos que nós cariocas!... ;)

TONY GOES disse...

"Madeira rústica do Embu", bonita??

Garço, quero tomar o que ele estiver tomando.

Thiago Lasco disse...

Hahahaha... pode soar estranho, mas o resultado ficou bem legal, Tony!

Isadora disse...

lendo agora deu um pouco de preguiça do volt e sonique - que eu até estava a fim de conhecer. o piaf parece mais interessante, com madeira do Embu e tudo. gostei da resenha.

Anônimo disse...

Pois é, estava até curioso de conhecer esse Sonique na minha próxima viagem a São Paulo, mas depois dessa sua descrição, me deu é preguiça. Consumação mínima, público pós Vila Olympia e staff levemente preconceituoso é tudo o que um lugar precisa para ser gongado. Incrível como as pessoas têm know-how para fazer um lugar legal e bonito mas podem cagá-lo de várias formas. E eu que achava que São Paulo já tinha superado isso.

Anônimo disse...

Fui ao Sonique na semana de inauguracao e adorei. Gostei do som, da decoracao, dos drinks, enfim.. do conceito pre-balada!!

No mesmo dia conversei com o gerente da casa - porque queria comemorar meu aniversario la - ele me disse que havia que reservar um espacoe. Ate ae tudo bem... normal! Nessa mesma conversa ele me disse que o conceito da casa era nao ter consumacao minina NUNCA, e que isso seria um diferencial.!

Minha surpresa, quando sexta feira fui encontrar uns amigos e eles disseram que a consumacao minima era R$ 40! RIDICULO. Tudo bem que essa quantia nao e o fim do mundo, mas fiquei decepcionado em saber que em tao pouco tempo eles mudaram totalmente o tal conceito!

Sobre a frequencia, as vezes que fui o mix era bem grande ( beijei meu namorado tranquilamente ), mas acho que a tendencia e ter mais esse publico " pos vila olimpia " e de camisa Sergio K.

Uma coisa que gostaria de falar, e que 3 caixas sao totalmente suficientes para atender a demanda que entra e sai do bar. Resultado disso sao filas de pelo menos 30 ou 40 min em uma sexta ou sabado as 23h30.

Vale lembrar que eles tem um servico de Concierge, onde voce pode comprar ingressos pra shows, fica sabendo as baladas do dia!! Bem interessante essa novidade!!

De qualquer forma, o Sonique hoje e a minha melhor opcao pra sair antes da balada!

Anônimo disse...

Eu quis dizer que 3 caixas sao INSUFICIENTES!!

Fabiano (LicoSp) disse...

Destes conheci apenas o Piaf, foi um local muito bom para conversar e levar o paquera pré-ficada inicial.

mas é meio vazio e com pessoas + velhas.

os outros 2 quero conhecer, mas por 40 pilas de entrada, vou repensar meu desejo.

Anônimo disse...

Fui ao Sonique há duas semanas e a minha experiência foi ruim! Sexta feira a noite, público Pós-Vila Olimpia (adorei o rótulo), muita perua adocicada e mal educada, daquelas que passam empurrando e se fingem de mortas. Fila para entrar, fila para sair... pedi uma bruscheta, que ficou molhada e mole, para comer em pé num empurra-empurra.... sem falar no excesso de fumaça de cigarro. Ou seja, Sonique... apenas em ocasiões muito especiais: aniversário de um amigo, por exemplo.

Paulo disse...

Sempre boas dicas... Curti esse Piaf, vou ver se conheço nesse final de semana!


abração!!

Gui disse...

Faço minhas as palavras la de cima: tava curiosissimo quando li sobre a inauguraçao do Sonique, mas agora me deu preguiça.

Continuo no velho e bom Spot.

Pegante disse...

sonique: riscado da lista de opções depois dessa coisa de consumação só para homens.
óbvio que estão atrás de OUTRO público.

piaf: fui LOGO que abriu (até tinha te perguntado aqui se vc conhecia...).
na noite que fui a trilha sonora era o DVD do Confessions da Madonna, mas no REPEAT eterno. deu no saco, até comentei com o gerente, pelo visto não adiantou nada heheeh.
achei médio, mas é bom ter uma opção a mais, dá para ir de vez em quando.
mas eu odiei as echarpes: achei muito TIA estereotipada de 20 anos atrás...

Ana Lara disse...

Gente discordo 100%!!! Vcs não podem julgar um lugar por um mal entendido uma vez.... Já fui no Sonique VÁRIAS vezes... Tenho ído direto. Nunca tive nenhum problema muito pelo contrário... Sempre fui muito bem recebida. Quanto a consumação não sei se vcs viram mas estava IMPOSSÍVEL de entrar de 5f a sábado. Achei bom terem cobrado pq mais para o final de semana a gente acaba mesmo gastanto e selecionou MUITO o público. Não me incomodo em conviver com uns poucos Vila Olímpias que aparecem por lá sendo que sempre a grande parte do público são gays (homens e mulheres). A cidade não hoje um lugar como o Sonique... Acho picuinha ficar causando por nada!!

Kento disse...

Fiz meu comentário sobres os bares aqui de Campo Grande e falta deles no Rio e SP antes de ler esse post.

Mas esses bares pelo vejo fazem uma linha mais restaurante... ou não?

Acho que falta um bar tipo todo mundo em pé, alguns poucos sentados, musica variada, como pré-balada até umas 2h. Lugar cheio pra se conhecer pessoas. Algo como o Galeria Café do RJ mas uma versão aberta e com mais mesas e horário mais cedo.

Renato disse...

alguns meses depois no sonique...

estive lá ontem e parece que a identidade (pelo menos das noites de quarta) tomou outra forma. não é uma baladinha gay friendly, é simplesmente gay. ah, a consumação de 30 reais, é para homens e mulheres.

cheguei por volta de 23h e estava bem cheio, tocando um som entre funky e electro house. fiquei na expectativa de ouvir um deep house, mas não rolou. quem sabe chegando mais cedo... até teve uma micro performance "sensual" improvisada de uma drag ali perto do dj, hilário... já era quase 1h e aí começou a tocar um som mais de balada, a galera que curte pista vai se juntando lá no fundo. mas putz, podiam tocar um som melhor né? se eu quisesse ouvir house vocal de pista, não teria ido lá. ah, tocou dois remixes do michael. acho que era homenagem né? o bicinho morreu um dia desses...

fiquei até umas 2h e pouco e o som ficava oscilando entre umas coisas vocais ou não, naquele clima de "agora o som vai ficar bom", o que não aconteceu propriamente. bom para beber e papear, fraco para paquerar.

willy macedo disse...

hey, man, valeu pelas dicas! acompanho sempre seu blog e curto muito as coisas que vc posta. sobre essas pré-baladas tem uma superbacana, que tenho frequentado. e o melhor: longe do burburinho. chama-se drops, fica na bela vista e é incrível. quando puder, dê uma passada lá. abraço!