quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Porque tenho orgulho de ser paulistano (pt. 4)

Em poucas cidades do mundo se come tão bem como aqui. Os paulistanos possuem verdadeira devoção pela comida. Veneram bons restaurantes, tratam os melhores chefs como semicelebridades e fazem do ato de comer fora um programa por si só. O que não é difícil, já que a cidade possui uma gama infinita de opções para todos os gostos e bolsos, desde as churrascarias mais rústicas e ugabuga até os mais moderninhos restaurantes de cozinha contemporânea.

Entre inúmeras outras cozinhas praticadas em Sampa, a italiana merece destaque especial. A maciça imigração italiana ocorrida no início do século passado influenciou o sotaque de bairros inteiros (sobretudo a Móoca, que é o único lugar da cidade onde todo mundo fala igual ao Faustão) e, mais do que isso, desenvolveu uma tradição culinária muito peculiar, que modificou as receitas, tornando os pratos muito mais gostosos do que os que se servem na própria Itália.

E isso não é fanatismo meu! Enquanto na Itália a pasta é servida com um pingo de molho por cima e fica seca e sem sabor, aqui não se economiza em nada: o macarrão vem nadando no molho, e esse molho é tão saboroso que os mais afoitos até raspam o que sobrou no prato com nacos de pão italiano.

E a pizza, então??? A pizza a taglio italiana é alta, massuda, com um molho azedo e pouquíssimos ingredientes por cima. Mais parece uma torta salgada dessas de forno. Muito diferente das sedutoras redondas que lotam as mesas paulistanas, generosamente cobertas com molho de tomates frescos e bem temperados, a mussarela derretendo na boca, o delicado diálogo entre o manjericão, o orégano e o alho.

Nenhum turista que se preze pode deixar de se esbaldar em alguma de nossas boas cantinas e pizzarias, que são verdadeiras instituições da cidade. Só não espere consenso sobre quais as melhores: assim como acontece no Rio com os célebres botequins e as casas de suco, aqui não há unanimidade. Uns curtem as pizzas grossas do Speranza e do Castelões, outros não trocam as fininhas do Camelo por nada. Uns gostam das trattorias do Bixiga, outros não passam nem perto e preferem a cozinha esmerada dos restaurantes italianos dos Jardins, de Pinheiros e da Vila Madalena.

E depois, é só queimar tudo na esteira de uma boa academia de ginástica!!!

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