domingo, 12 de março de 2006

Pós-coito

Aí você separou suas verdinhas, se matou na academia pra despachar as sobrinhas, comprou roupa nova e chegou sedento ao balneário. Circulou de rodinha em rodinha nas areias da praia, viu as bandas passarem, trocou alguns beijos na dispersão. Garantiu o sustento dos dealers e colocou mais algumas letras em seu alfabeto de sensações. Viu DJ fulano, DJ beltrana e DJ sicrano. Comparou as festas, viu e foi visto, fez uma coleção de fotos do fervo.

E aí, como tudo que era ou parecia doce, acabou.

Você pode voltar para sua cidade natal e continuar engrenado no chica-chica-bum, e não se dar ao luxo de parar e analisar tudo isso. Mas pode ser que pare - nem que seja porque em algum momento, acabou ficando doente de tanto que se excedeu. E aí, em algum momento vai perguntar: o que sobrou disso tudo, o que eu tirei de bom pra mim ?

A noite, as festas, o oba-oba, tudo isso tem seu valor e sua validade; é muito importante ter uma válvula de escape, uma janela aberta para que o ar fresco invada o mofo da sua rotina. Mas é perigoso deixar que esse mundo de fantasia ofusque aqueles que deveriam ser nossos reais objetivos na vida. Jogação não é ponto de partida para lugar algum - no máximo, é uma parada na beira da estrada para um gole de água antes de seguir adiante.

Não me desencaminhei, não fiz nada de que me arrependesse, estou aqui inteirinho para contar história. Mas aos poucos, começo a questionar sobre o que vai acontecer comigo, se esse mundinho vai perder a graça e, caso a resposta seja afirmativa, o que terá graça no lugar disso. Não quero antecipar outras questões que acho que ainda é cedo para enfrentar, mas não deixo de me preocupar em olhar além, e por enquanto esse olhar além não enxerga muita coisa lá na frente.

Hora de mudar o foco.

Um comentário:

Anônimo disse...

Perde a graça sim... E nem podia ser diferente. Uns chamam de amadurecimento, outros de velhice, outros nem chamam, apenas ignoram os motivos e continuam numa outra fase. Mas acho valido passar por todas estas etapas, para um dia parar, pensar e escolher, com conhecimento e vivencia, sem medos - isso é sabedoria, o resto é preconceito!