segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O grande desafio

O mundo precisa de novas ideias. Uma pauta genial, tipo "como é que ninguém pensou nisso antes?", que renda uma reportagem incrível, alavanque a imagem de uma revista e justifique sua existência. Um novo seriado de TV, que desponte na programação e chame a atenção das pessoas, conquiste fãs e vire mania. Uma solução arquitetônica criativa para otimizar o espaço dos apartamentos cada vez menores. Uma estratégia de marketing que consiga convencer os consumidores de Coca-Cola de que a Pepsi é uma bebida saborosa e desejável. Uma nova batida musical - ou mesmo uma nova combinação dos velhos elementos - com um resultado diferente, contagiante, que faça as pessoas correrem para a pista, gritarem e levantarem os braços. Uma cura para o vírus HIV, o diabetes e o mau humor de segunda-feira. Um jeito gostoso de comer legumes. Uma lufada de ar fresco. Um novo olhar sobre a vida. O pulo do gato.

É fato que continuarão existindo seriados de tevê. E revistas. E propagandas de Omo, Apracur, Tintas Suvinil e Gleid Sachê. E coleções de roupas. E novelas. E hinos de axé music e house tribal. Até segunda ordem, as referências do passado, as fórmulas já testadas, tudo aquilo que deu certo terá que continuar servindo, quebrando o galho e dando conta do recado. As pessoas continuarão se vestindo, comendo e satisfazendo suas necessidades básicas de qualquer maneira. Difícil mesmo é bolar coisas novas - ou que não sejam tão novas assim, mas ostentem frescor, despertem desejo, provoquem as pessoas. Rompam a inércia, o marasmo, a letargia, e façam o mundo sair do piloto automático e dar um passo à frente. Existem riscos, claro - mas deles dependem o consumo, o lazer, a economia, nossa felicidade, tudo. Inovar é o desafio do mundo.

20 comentários:

Douglas Mendez- O Homem é um ilha disse...

Olha, eu sou daqueles que acha que tudo já foi feito, o que acontece é que tem gente no mundo que sempre olhará pra algo reciclado pela peimeira vez e pra ele aquilo será novo. Incrivel! não tenho nada contra a citação desde que assumida. Também espero pela cura das doenças, inclusive uma cirurgia de miopia realmente segura. Mas algumas coisas já temos: o mau humor pode ser curado com uma lufada de ar fresco e não existe um jeito gostoso de comer legumes, existem vários.

beto disse...

passando por uma fase de tédio e anseio por coisas novas?

Anônimo disse...

Falta justamente um pouquinho de tempo para parar e pensar. Nós nos acostumamos a ter tudo pronto e perfeito. Se está fora da linha a gente simplesmente abandona e aguarda a nova tendência. Mesmo que nem sempre ela esteja a nosso favor.

Anônimo disse...

Se voce esta se referindo à noite mesminha do Niver Babylon, concordo em genero e numero. Fui acreditando nas promessas do incrivel "decor de tematica circense" e dei de cara com uma noite normal, sem decor algum, com taximetro bandeira 5. R$ 60,00 pra ver o gordo cafona sem repertorio foi, no minimo, uma canastrisse com a clientela. Afinal ele toca em outras festas concorrentes a preços bem mais módicos. Me arrependi os poucos cabelos que tenho de nao ter ido na Megga, talvez tivesse visto algo senão melhor, pelo menos diferente. QUE DEUS NOS AJUDE NESTE KHARMA!!!

Nunes disse...

Parafraseando-o: Vivemos uma mesmice, seu texto veio bem a propósito do que tenha pensado ultimamente! Vivo fora do Brasil há 10 anos, e as notícias dos amigos e lugares são sempre ou quase as mesmas. Mais isso não é privilégio da nossa terra... O Mundo vive uma crise criativa!

Marcos - Brasília disse...

A humanidade ainda não encontrou a 'cara' cultural do século XXI. Se política e economia encontraram a bancarrota nessa primeira década que já está findando, a cultura já anunciava o esgotamento desde o fim do século passado. E, até agora, nada de novo no front. Bem-vindo ao clube. A loteria para novas ideias e ideais está aberta.

Discípulo disse...

O novo, sempre o novo! Estamo fadados a buscá-lo sempre, né? Que bom...

A.M.B disse...

Disse tudo: inovar é preciso!

Longe de mim ser comuna,
mas quem nunca se pegou nessa situação:

"(...) No presente a mente, o corpo é diferente,
e o passado é uma roupa que não nos serve mais (...)"

Quem?

Abraçãoo!

Ronaldo Wrobel disse...

Parabéns pelo texto, Thiago. Fica uma sugestão específica: que os gays reinventem seus valores, parâmetros, condutas. Que os insatisfeitos sugiram uma nova ordem, nem que o seu virtual insucesso só sirva para reforçar o modelo atual.

Sou carioca, fui a São Paulo no fim-de-semana para um casamento. À meia-noite de sábado (zero hora de domingo), depois da festa, encontrei um amigo num restaurante bacana. Pedi que me levasse a algum lugar gay. E ele: para beijar, trepar ou só olhar? Convenhamos, não é com essa tríade que as coisas vão melhorar para a gente.

Mudar o mundo é quase impossível. Mudar o nosso submundo (ou parte dele) já seria uma iniciativa e tanto, mesmo que os frutos demorem a ser colhidos. Se já perdemos a noção de futuro e trocamos qualquer projeto por uma noite "fervida", fica a pergunta: o que teremos deixado para os gays que estão nascendo hoje, agora?

No casamento, vi um menino efeminado. Tinha cerca de 12 anos e, provavelmente, desconhece sua condição. Fiquei especulando o futuro dele; me perguntando quanto tempo falta para que aquela estrutura convencional - família, Deus etc. - decida queimá-lo em praça pública. E depois, qual a alternativa do garoto? Festas rave? Sites, academias, desfiles, saunas?

Gostaria de saber se existe algum espaço, real ou virtual, para uma discussão inteligente e original sobre a condição gay. Fico desesperado com a doçura, com a trivialidade risonha dos que estão "de bem com a vida". Leia-se: de bem com esta vida. Ninguém sequer desconfia que isso não leva a nada?

Em tempo: pedi ao meu amigo que me deixasse no hotel. Domingo cedo voltei para o Rio.

TONY GOES disse...

Ainda não achou o tema para o seu TCC?

André Mans disse...

Eu já como feliz legumes!

Baiano disse...

Êta Geniozinho :)

Poético e contundente na medida certa.

Parabéns pelo texto.

Anônimo disse...

Intro

ter leitores e fãs "intelectuais" ou pseudo, seguramente vai te obrigar a conviver com esse discurso oco, vazio e preconceituoso de pessoas como o Ronaldo. (lembra do gordinho peludo que gostava de HTs cariocas!?). Agora vem esse carioca! O que é isso Ronaldo?

Acorda Alice!!! Seu amigo, foi prático e objetivo (adorei ele, queria apenas garantir que iria te levar no lugar certo! sua boba!).

Se a senhora queria só passear, dançar, paquerar ou conversar "seu papo cabeça" seguramente teria MUITOS lugares para a senhora ir aqui em São Paulo. Se quisesse um sexo gostoso e sem compromisso também.

Mas a senhora virou as irmãs Cajazeiras do Bem-Amado e foi, INDIGNADA, para o hotel peidar debaixo do lençol. Bobinha!!!

Cuidado para não virar uma solitária amargurada, pudica e revoltada! Conselho de amiga!

Cláudio

Don Diego De La Vega disse...

Essa questão do novo, novo, novo é algo que me inquieta.

Compre uma TV nova LCD de 50", jogue a sua velha de 37" que ainda está perfeita fora ou dê pra alguém (a TV). :)

Daqui a três meses, compre uma TV LED, pq LCD é uma tecnologia que já está dando espaço à outra.

Arrume um namorado numa boate e o troque por um novo (de idade tb) e excitante assim q encontrá-lo dando mole no Arco do Telles.

Na locadora olhe somente a parede de lançamentos, pq o novo, novíssimo é q importa, e ignore o que já está em catálogo, mesmo que possa ter filmes quentíssimos q vc perdeu na época em que estavam em lançamento pq vc não foi na locadora naquele mês.

Assista as estréias do cinema ( e são sempre muitas e pra todos os gostos) e quase não tenha tempo de rever filmes antigos q vc gosta ou de ver pela primeira vez clássicos em preto-e-branco como Gilda.

Eu acho que estamos é com OVERDOSE de novo. Tudo é novo, são seriados, filmes, bandas, cantores(as), clips, festas, empresas, todo mundo promete "algo inédito q nunca foi feito antes".

Aí isso se aplica também à escolha de machos: os novinhos (de idade, acima de 18 claro) e os novos (no meio, héteros que acabam de descobrir que transar com homem é a melhor coisa da vida)serão sempre a "carne nova no pedaço", "o último biscoito do pacote" e a "bala que matou Kennedy".

Essa overdose de NOVO que assola o meio gay e tudo q eu já falei (troque seu celular pelo novíssimo e mais fino que tem câmera melhor, mesmo q vc não a utilize), troque seu DVD por Blu-Ray, troque seus livros por um Kindle)acaba detonando toda a riqueza e experiência q tem no mais antigo, que não quer dizer necessariamente velho/decadente/inútil, longe disso.

Eu acho q a gente já vive essas Revoluções por Minuto....

E essa efemeridade do novo é que anda me cansando demais.

Lembrei daquelas frases maravilhosas do Marylin Manson: "They love you when you´re on the covers...when you´re not, they love another". Ou seja, saiu a capa de hoje, meu amigo, foda-se q vc esteve na capa de ontem.

É por essas e outras q tenho procurado ser muito pouco materialista: quando uma tecnologia como a LED ou o Blu-Ray ficar verdadeiramente mais barata e acessível, será porque outra já está despontando no horizonte, que tem novas e excitantes capacidades que essas atuais não tem...

beijos!

Anônimo disse...

Meu amigo, até quando teremos que escutar que gays que gostam de festa eletrônica e de malhação são inexoravelmente burros, alienados e vagabundos? A nossa condição gay (comum a maioria dos que me estão me lendo nesse momento) já devia ter nos ensinado que o preconceito é fruto do desconhecimento e da ignorânciae que só nos traz problemas e sofrimento. Mas, não é?! Conheço inúmeros gays (muitos dos quais tenho a honra de serem meus amigos) que conseguem conciliar muito bem: família, trabalho (e são brilhantes no que fazem, como vc), "diversão e arte"(balada, musculação, viagem etc.) e até espiritualidade/ religiosidade. Não julguemos para não sermos julgados! Agora, concordo com o Cláudio (acima) e endosso as suspeitas dele em relação ao "gordinho peludo". Acho mesmo que temos aqui o "retorno do preconceito travestido em novas cores, mas com o mesmo discursinho limitado". Basta comparar os textos: "efeminado-risonho" ; "trivialidade-risonho" etc. Esse anônimo é o mesmo que jura que não é promiscuo porque acha todo gay FEIO, muito FEIO! kkkkkkkkk
Confira se o texto não é da mesma pessoa:
http://introspecthive.blogspot.com/2009/09/all-you-can-eat.html
Marco

Michel disse...

Se eles estiverem certos, esse Ronaldo é mesmo um doente.

Anônimo disse...

O mundo é isso. Alguns conseguem abrir caminhos, outros so andam as vezes as cegas pela trilha feita por outros. Haja criatividade para melhorar essa Terra, ao inves de apenas destrui-la dia a dia.
Beijos da Cam

Anônimo disse...

Fui ler o comentario do Ronaldo, apos ler o comentario do Michel. Achei engraçada a contradição: ele sim parece bastante insatisfeito com o mundo do jeito que esta. So que ao inves de tentar entao melhorar, mudar, inovar, so esta metendo o pau. Entendi corretamente ou nao sei do que estou falando?
Penso que seu blog é uma espaço amigo, que por acaso é um espaço gay. Mas aberto a todas as pessoas e formas de ser. Gosto disso, de poder me sentir bem aqui, hetero e mulher.
Isso ja é fazer a diferença, no caso do seu blog, abrir para todos e nao se fechar numa unica tribo.
Bjos e parabens pelo seu sucesso virtual e bem real,
Cam

K. disse...

Tenho duas coisas a dizer sobre isso...

Uma é que estamos numa fase adormecida: é fácil agradar todo mundo porque as expectativas estão baixas. É reflexo de um mundo com tantos problemas que as pessoas não conseguem mais ser otimistas. Elas se agarram a qualquer coisa, por menor que seja. Pequenos escapismos, pequenos delitos.

A outra é que estamos correndo, mudando, trocando, a uma velocidade tão absurda que talvez não tenhamos mais grandes "leaps" como tivemos antes. Talvez o que era grande antigamente hoje passa despercebido.

Alexandre Ferreira Gaspar disse...

Acredito que coisas novas sempre axistem, estão por ai...mas o que infelismente acontece hoje é que a maioria quer fazer, usar, sentir fazer diversas outras coisas que são ditas como moda.

Para que seguir modismos, para que massificar.

Vamos pegar tudo que achamos diferente, e mostrar, compartilhar, e deixar mesquinhices e coisas efemeras de lado.

Gostei do blog, parabêns.