terça-feira, 29 de março de 2011

Cisne rosa

Bruna Surfistinha superou minhas expectativas. Eu não tinha lido o livro e, da história de Bruna, conhecia apenas o básico: uma garota de programa que ficou famosa depois que resolveu contar sua vida em um blog. Sabendo disso, entrei na sala de exibição ciente dos vários riscos que o filme corria. Poderia mostrar Bruna como uma vítima, ô coitada. Poderia mostrar a profissão como um conto de fadas, em que se ganha dinheiro rápido e fácil, indo para a cama com homens atraentes e fogosos. Ou, no extremo oposto, poderia ter um ranço moralista, ou mesmo resvalar para a apelação gratuita. Mas o diretor fugiu de todas essas armadilhas e acertou o tom. Não mostrou nenhum falso glamour, carregou nas tintas quando necessário (a história tem trechos que são um soco no estômago, como os maus tratos que Bruna sofre do irmão, e mesmo a expressão de asco contido quando ela se deixa penetrar pelo primeiro cliente), mas teve a ótima sacada de alternar momentos pesados com outros leves e bem-humorados. Nesse sentido, as personagens coadjuvantes tiveram um papel fundamental, em especial Janine (Fabiula Nascimento), colega de bordel franca e desbocada, e Larissa, a cafetina (Drica Moraes, com falas impagáveis). Elas ajudam a dar tempero ao filme, mas quem realmente domina a cena é Deborah Secco, que se entrega totalmente ao papel da protagonista, em sua melhor atuação até hoje. Honesto, corajoso e sobretudo humano, Bruna Surfistinha pode não ser um novo clássico do cinema brasileiro, mas seu bom desempenho nas bilheterias é plenamente justificável.

10 comentários:

Luciano disse...

Eu também tive uma grata surpresa com este filme - me surpreendeu positivamente e foi muito mais do que eu esperava.
Muque de Peão

Anônimo disse...

Tambem gostei do filme. E nao sei se foi a melhor atuaçao de Debora Secco, por que nao conheço tantas outras para comparar. Mas ela esta otima no papel.Se fosse no exterior estaria ganhando louros,premios, mas aqui matar um leao por dia é pouco. Que o diga Bruna Surfistinha.
Bjos

Wans disse...

Confesso, meus preconceitos por Déborah me impediam de vê-lo, mas depois dos eu post vou dar uma conferida.

bj

TONY GOES disse...

Achei a Deborah ótima nas cenas mais assanhadas, mas fraca quando tem que passar a solidão e a dor da personagem.

Também adorei as coadjuvantes. Drica e Fabíula estão excelentes, mas minha favorita mesmo é Guta Ruiz, que faz aquela que a Bruna conhece na boate.

Chamei-a de "gêmea morena e malvada da Gisele" no meu blog e ela me agradeceu pelo Twitter! Wuhuu

Thiago Lasco disse...

É mesmo, eu também adorei a Guta Ruiz! Não sabia o nome dela até então, mas achei ela incrivelmente sexy, carismática, poderosa mesmo.

Rafa disse...

Admito meu preconceito: livro best-seller, Globo produções e Deborah Secco não despertaram meu interesse.

Abç!

Ricardo disse...

Tamanho perfeito de post, consegui ler até o final sem cansar, como em outros posts que li.

Thiago Lasco disse...

Ricardo: às vezes me pego pensando sobre essa questão do tamanho dos posts. Quem sabe quando eu migrar pro blog novo eu também não dê uma reformulada nisso?

Gpride disse...

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mmellone@uol.com.br disse...

Thiago:
O filme tb me surpreendeu: entrei na sala com poucas expectativas. Mas Deborah é convincente na pele da Bruna (como adolescente na casa dos pais e a saída dela, com aquela franjinha de garotinha, é o máximo!).
Drica, como vc bem disse, arrasa!
Vale o ingresso, mesmo não sendo um filme arrebatador.
abr
Maurício