quarta-feira, 29 de julho de 2009

La Figa: o velho La Lupa é bem melhor

Como pimenta e dendê são dois ingredientes que eu abomino, o meu restaurante preferido em Salvador tinha que ser um... italiano. O La Lupa era uma simpática cantina no final da Rua das Laranjeiras, numa parte menos muvucada do Pelourinho. Como a especialidade da cozinha eram as massas com frutos do mar, de uma certa forma eu estava aproveitando as riquezas locais. Em São Paulo, você paga uma fortuna por um prato com míseros dois ou três camarões - isso quando eles não usam aquele sete-barbas fajuto com gosto de esponja descongelada. Na Bahia, não: vem camarão "CAMARÃO", e vem bastante - pelo mesmo preço que você pagaria num prato de carne.

Na minha penúltima visita, em julho de 2007, vi que a casinha com mesas do lado de fora tinha mudado de nome para La Figa. Perguntei sobre a novidade e o garçom me contou que a cozinha continuava a mesma, e uma nova casa com o nome La Lupa seria aberta na Barra. Desta vez, tive a chance de voltar ao La Figa e também conhecer o novo La Lupa.

No La Figa, tudo como antes no reino de Abrantes: as massas artesanais do cardápio continuam deliciosas e com os mesmos preços justos do passado. Não fiz por menos e me esbaldei no velho Pappardelle Mare i Monti de sempre: com um toque de creme de leite, vinho branco, camarão e shiitake [foto]. A porção individual me custou honestos R$20; para dois, sairia a R$35. Comi devagarzinho, saboreando cada garfada, cercado por aquela mistura divertida de escandinavos e mulatos que só o Pelourinho tem.

Já na casa nova, não vi a menor graça. O La Lupa mudou-se para o térreo de um prédio em plena Ladeira da Barra. E quem arca com o IPTU é o cliente: por um prato individual de massa, eles cobram salgados R$45 e entregam uma porção menor do que a do Pelô. Alguns vão dizer que, pela varanda envidraçada, você vê o mar. E eu vou responder que, pelo valor de uma conta no La Lupa, você tem ambientes muito mais caprichados (o La Lupa não deixa de parecer um restaurante de flat), com vistas muito mais embasbacantes da Baía de Todos os Santos: Soho, Amado, Lafayette, Trapiche Adelaide, Porto Gourmet. Moral da história: na hora de comer, continuo fazendo figa e não abro.

5 comentários:

David® disse...

CUriosidade técnica: vc vai a esses lugares com um caderninho/palm/smartphne e anota todas essas idéias e detalhes?...rs

curiosidade gastrônimica: em Belém, camarão é comida de pobre..pelo preço ser baixo..mas na última visita me informaram q a maioria do camarão a venda nos mercados/feira vem de cativeiro, ou seja, tem gosto de espoja.
Abração!

Isadora disse...

restaurante de flat foi uma bela definição: entendi tudo, não comi e não gostei ;)
Beijo!

poor guy fashion victim disse...

Afinal provavelmente não vou ter que decidir nada. As autoridades fecharam o Souvenir e o Matinée anda desesperado à procura de um ligar onde fazer os afters ;(

Depois de Ibiza sem afters e Madrid com algumas restrições, chegou a vez de BCN.

Discípulo disse...

Um pequeno tour gastrônomico por Salvador em quatro parágrafos. Ahazou mais uma vez! Bjus. Cris

Anônimo disse...

figa em italiano quer dizer xoxota