sábado, 19 de maio de 2007

O fim do Ultralounge

A assessoria de imprensa do Ultralounge divulgou ontem nota comunicando o encerramento definitivo de suas atividades. É o fim de uma longa batalha entre o clube e a vizinhança, que conseguiu fazer com que a Prefeitura de São Paulo cassasse a licença de funcionamento da casa, alegando "algazarra" e "irregularidades". Pesados blocos de concreto já interditavam a fachada do Ultra desde o dia 10; enquanto isso, o proprietário Bob Yang garantia que a documentação da casa estava 100% em ordem e não havia justificativa plausível para seu fechamento.

Por trás disso, está a intolerância cada vez maior dos moradores dos Jardins com o público gay que ocupa as esquinas da Consolação. É verdade que esse povo faz um certo barulho, atrapalha o trânsito e emporcalha calçadas e canteiros com centenas de flyers espalhados pelos promoters das boates. Mas muitos enxergam na reação da vizinhança um ranço de homofobia. Vale lembrar que, em janeiro, moradores de prédios atiraram garrafas e copos de vidro em direção à porta do restaurante gay L'Open, na Alameda Itu - se a idéia era acertar as bibas, quem acabou pagando o pato foram os pobres manobristas da casa, que se esquivavam assustados, tentando evitar uma tragédia.

A notícia do fim do Ultra não me atingiu em nada, já que nunca fui freqüentador assíduo da casa. Ao primeiro endereço, aberto em 2000 do outro lado da rua, eu até ia - o clubinho tinha um certo charme e foi a melhor boate gay de São Paulo até a abertura da Level. Quando a lei de zoneamento forçou a mudança para o ponto atual, antipatizei logo de cara com a divisão dos ambientes na nova casa. O cardápio musical estava sofrível: só drag music. E os corpos mais gostosos da cena não estavam lá, mas sim na Level, e depois na The Week. Ou seja, nem eles justificariam o sacrifício de passar a noite toda ouvindo o mesmo paupérrimo som bate-cabelo da maior parte das outras boates gays do Brasil.

A casa só conseguiu subir no meu conceito quando começou a fazer seu after (batizado impropriamente de "Chill Out") nas manhãs de domingo. O mesmo ambiente que era escuro, apertado e enfumaçado para uma noite de sexta casava-se perfeitamente com o clima de inferninho que todo after deve ter. O povo que já chegava virado da The Week criava um clima muito mais animado na pista. Até o som era melhor - João Neto e Renato Cecin se sentiam muito mais à vontade para ousar e pesar a mão do que na The Week (cuja política musical parece ser a de não chocar as turistas do interior). Ironicamente, a idéia que deu novo fôlego ao Ultra acabou desencadeando a sua ruína - as confusões com a Prefeitura começaram justamente por causa do after, já que a casa não tinha permissão para funcionar durante o dia.

Com o Ultralounge fora do caminho, a Bubu, que já vinha ganhando mais espaço na cena gay, passa a reinar sozinha nas noites de sexta-feira da cidade. É um clube mais versátil, com muitos ambientes e uma freqüência plural, que inclui meninas e também caras mais novos (que não se sentem tão à vontade em clubes como a The Week e a Blue Space). Mas não chega a ser uma unanimidade: uns acham o ambiente e o som cafonas, enquanto outros se ressentem da falta de, digamos, tensão sexual que se espera de toda boate gay. É justamente nesses aspectos que a The Week mostra por quê ainda é o melhor clube de São Paulo em seu segmento.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mesmo que eu tbm nao frequentava o lugar, acho sempre um escandalo que uma boate gay tem que fechar por esses tipos de motivo. mas bom, e isso ai. de fato, o melhor era os afters, e alguns foram BABADERRIMOS mesmo. tenho algumas lembrancas incriveis de la. mas tao ta. assim vai a vida. nao e a primeira vez, e infelizmente provavelmente nao vai ser a ultima.
de curiosidade, fui aparecer na bubu de sexta a semana passada, e realmente tava muito cheia, e muitos gatos ainda. nao tem o clima de pegacao da blue [tal vez por nao ter darkroom], tem muitas meninas, tem muita mulekada. na segunda pista, o som do paulo ciotti e so pra quem gosta (mas a sala lota, entao quer dizer que ainda tem). mas conclusao, achei uma otima opcao pra a sexta, e pra dar uma variada da sempre tw.

Anônimo disse...

Thi,
Fui na Bubu uma unica vez. Fiquei 30 minutos e sai pensando que tinha ido a Pindamonhangaba (risos). Se a Bubu eh o que tah rolando nas sextas de Sampa,fico com medo de voltar p/ minha querida cidade.
Suppress.
see u soon.
FXXXXX