quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Tudo o que você pode fazer no Rio no dia 31

Depois de um ano bastante movimentado para a cena, os cariocas se despedem de 2007 com um número recorde de opções para a noite do dia 31. Nunca se teve tantas festas para escolher - confesso que até eu estou um pouco perdido diante de tanta informação. Aqui vai um apanhado das principais possibilidades para a hora da virada, com os prós e contras de cada uma, para ajudar a todos nessa difícil decisão... muita calma nessa hora!

1) THE WEEK
Pode ser uma boa. Escolher a TW é jogar no seguro: optar pelo conforto e segurança de um clube com boa estrutura, ar condicionado e bares que funcionam a contento, além do serviço atencioso e bem-treinado. A parte nova da casa é um atrativo extra e permite que a comemoração vá até tarde.
Por outro lado... É preciso ter disposição para cruzar a cidade no dia 31, com Copacabana e o Aterro fechados a partir da tarde. O acesso à Saúde não deve ser fácil, mesmo pelo Túnel Rebouças e com a TW oferecendo vans gratuitas para o transporte. Além disso, a casa abre todo sábado e já fará uma Cosmopolitan especial na noite do dia 29 - por isso, o Réveillon lá não terá nenhum grande diferencial, a não ser (mais uma) atração gringa.

2) RÉVEILLON IPANEMA 2008 (hotsite)
Pode ser uma boa. A festa promovida por André Garça (Cena Carioca) aposta em DJs experientes da cena tribal nacional, como Marcus Vinicius (B.I.T.C.H.), Patricinha Tribal, Aless (BH) e André Queiroz (DF), um prato cheio para fãs do estilo. O buffet inclui comida japonesa - temakis são leves, nutritivos e fáceis de comer. A localização é estratégica (Vieira Souto com Farme) e você ganha uma pulseira para sair e voltar quando quiser, podendo conferir também o fervo na praia.
Por outro lado... R$ 300 é um preço alto, se você considerar que o antigo Espaço Lundgren é uma casa relativamente pequena e pouco funcional para festas. Outras opções com o mesmo foco (house tribal) devem roubar parte do público, cobrando menos (The Week, Sky Lounge).

3) SKY LOUNGE
Pode ser uma boa. O réveillon de Rosane Amaral tem relação custo-benefício interessante, se comparado com outras opções na Zona Sul. O acesso não chega a ser dramático - a interdição da orla deixa o trânsito na Lagoa carregado, mas ainda assim o Sky é relativamente perto. E a festa já tem uma certa tradição, conquistada com a ajuda dos "passaportes", ingressos promocionais que dão acesso às 3 festas da Rosane por um preço menor.
Por outro lado... O line up é animado, mas não chega a emocionar - Vlad e Flávio Lima são duas delicinhas, mas seus únicos predicados à disposição do público serão os musicais. Além disso, edições anteriores foram bastante criticadas por conta de soluções caseiras, como sacos de lixo preto para diminuir a claridade, e da política de preços progressivos para a água mineral (que chegou a R$7 no meio de uma festa).

4) HOTEL CARNIVAL (hotsite)
Pode ser uma boa. Para quem curte um som mais underground, o line up estrelado (Pareto, Mau Lopes, Serge) é uma bênção em meio a um cenário dominado pelo house tribal. O cenário é maravilhoso - uma mansão tombada no meio da Mata Atlântica, com lindas vistas da cidade - e o buffet promete caipirinhas sofisticadas e até ceviche. A nata dos modernos da cidade estará lá.
Por outro lado... Você passará por maus bocados se cismar de voltar para casa antes da hora. A casa fica no alto de Santa Teresa, numa área que estará totalmente isolada do resto da civilização, incluindo táxis (a idéia é essa). E outra: você se deprime vendo as barbies tombando de G no fim da festa? Isso é porque você não sabe o que são os modernos ficando bicudos de padê...

5) DREAM 2008 @ FELICE CAFFÈ
Pode ser uma boa. A localização é excelente, a poucos passos da praia de Ipanema, do Arpoador e do Posto 6 em Copa. A comida oferecida é mais do que confiável (embora seja menos elaborada do que o usual, já que a idéia da casa é justamente ganhar dinheiro com essa festa). Rafael Calvente deve tocar um som mais fino do que o das festas dedicadas ao tribal, já que a proposta aqui é mais selecionada (pelo valor da entrada e pelo próprio público da casa).
Por outro lado... R$300 é bastante salgado pelo limitado espaço da casa, mesmo contando com a extensão improvisada para a rua (o Felice fechará todo o quarteirão para a festa). Além disso, a peneira do preço não necessariamente dará a selecionada que você gostaria - a casa receberá todo tipo de cliente do restaurante, e não só as bees (que estarão pulverizadas entre várias outras opções).

6) WONDERLAND IN RIO @ IPANEMA PLAZA
Pode ser uma boa. O Ipanema Plaza é um hotel de alto nível e não parece ser do tipo que economiza no réveillon. No mínimo, a festa valerá pelo terraço, com uma vista absurda de Ipanema. A escalação de Rafael Calvente para tocar sinaliza uma preocupação em não fazer algo totalmente careta. É grande a chance de você encontrar gringos lindos - se esse é seu alvo, você deve considerar com carinho a opção.
Por outro lado... O preço (R$400) é ainda mais exorbitante do que o das festas "caras". Você precisa se dar muito bem por lá para o investimento valer a pena. E essas festas são freqüentadas basicamente por panelinhas fechadas - isso quando não é uma panelinha só. Ou seja: é preciso ter carão, corpão, inglês bom - e muita vontade de conhecer e ser aceito pelos gringos.

7) DUO @ LOUNGE 69
Pode ser uma boa. Poucas informações foram divulgadas até agora (o Cena Carioca apenas mencionou na agenda), mas pode ser uma opção low profile bem interessante, se os preços não forem astronômicos. O som fica por conta de Rafael Calvente (o belo está em todas!), Tzo (00 e Redondo Lounge) e dois DJs gringos. Quem conhece o 69 diz que é um "D-Edge genérico" - o projeto é do Muti Randolph, o mesmo que criou as barras de néon coloridas do clubinho paulistano. A festa semanal de house Maja mudou-se pra lá.
Por outro lado... Por mais que o lugar e o line up houseiro sugiram um clima fofo, não dá pra imaginar que essa seja uma noite "escândalo", considerando tantas outras festas acontecendo ao mesmo tempo. Se seu desejo para a virada é bombação, aqui provavelmente vai faltar gás para você.

8) FOGOS EM COPACABANA
Pode ser uma boa. O réveillon na praia de Copacabana é uma das maiores festas de rua do mundo. É emocionante, a começar pelo êxodo de milhões de pessoas vestidas de branco em direção ao bairro, numa euforia silenciosa, um crescendo que culmina em uma explosão de energia, uma verdadeira catarse coletiva. Você precisa viver isso pelo menos uma vez na vida. Além disso, é de graça e depois você pode ir para outro lugar.
Por outro lado... Como em qualquer evento de massa que atrai milhões de pessoas, o desconforto é total, com momentos que beiram o caos. É fácil se perder dos amigos e impossível marcar pontos de encontro; o celular, inexplicavelmente, não pega. Precisa ter muito cuidado com roubos e furtos (a maioria não resiste e leva a câmera para tirar fotos dos fogos) e com as brigas por conta do inevitável excesso de álcool. E também gostar de estar entre o "povão", sem preconceitos.

9) IPANEMA STEREO BEACH @ POSTO 9 (hotsite)
Pode ser uma boa. Tá aí um jeito diferente de começar o ano: dançando música eletrônica na praia, numa mistura de festival e rave na areia. Os mais esotéricos dizem que entrar o ano com o pé descalço na areia, na beira do mar, atrai ótimas energias e fluidos. É de graça e não tem como ficar vazio. A localização no Posto 9 ajuda a atrair meninos bonitos e desencanados de Ipanema e imediações - pelo menos em tese.
Por outro lado... As atrações mais legais (pelo menos para quem curte house) rolam todas antes da meia-noite - o evento começa às 16h. E quem lembra de toda a confusão ocorrida no ano passado (aquilo virou uma grande maloca) com certeza vai passar bem longe da praia de Ipanema dessa vez.

10) JANTARES NOS RESTAURANTES DA AVENIDA ATLÂNTICA
Pode ser uma boa. Os restaurantes da orla de Copacabana fazem jantares especiais na noite do dia 31, com buffet diferenciado e open bar, a um preço fixo (cerca de R$300 por pessoa). Suas mesas na calçada são cercadas por seguranças (só entra que fez reserva) e viram uma espécie de camarote, de onde se tem uma visão cômoda e protegida do show de fogos. Se você lembrar que outras festas cobram o mesmo valor para servir belisquetes e finger food, uma ceia "de verdade" é muito mais retorno pelo seu dinheiro.
Por outro lado... O público dessas festas reúne casais, famílias e idosos endinheirados - uma fauna bem pouco interessante para jovens e/ou gays. Ao beijar e abraçar seu namorado e seus amigos na hora da virada, você possivelmente deixará o pessoal das mesas em volta completamente passado.

11) FESTINHAS PRIVÊ EM APARTAMENTOS
Pode ser uma boa. Festinhas em apartamentos alugados podem ser uma alternativa confortável e intimista para a virada. Dá para curtir e conversar bastante com os amigos e também com as outras pessoas que você poderá conhecer. Se o apê for na orla, melhor ainda: você assiste ao espetáculo dos fogos de camarote. Há um rateio, mas costuma ser bem mais barato do que a entrada de festas "comerciais" - já que, em geral, o dinheiro é só para a festa pagar as próprias despesas.
Por outro lado... Você fica totalmente limitado às pessoas presentes. Se forem só os seus amigos, ótimo. Agora, se tiver gente estranha no meio (o que é mais comum, pois o aluguel desses apartamentos costuma ser caro), pode dar ou não dar "liga". De qualquer maneira, nada te impede de ir terminar a noite em outro lugar.

12) LE BOY
Pode ser uma boa. Se quantidade é o que importa, você nem deveria ter lido as outras onze opções: a veterana "Lelê" é o seu lugar. Não interessa quantas outras festas estejam rolando: no inferninho (infernão?) da Raul Pompéia a lotação é sempre completa, com filas dobrando a esquina e chegando até a Nossa Senhora. Garantia de beijo na boca e pegação - o dark room da casa possui fama internacional. Fora da residência das festas da Rosane, o fortão Dudu Marquez ajudará a pista a bombar.
Por outro lado... Qualquer "macaca véia" sabe que o clima na Le Boy é meio pesadinho - com muitos michês, gringos perdidos e, seguramente, a maior taxa de incidência de boa-noite-cinderelas do Rio de Janeiro. Sem falar que o clima é altamente bagaceiro - as "bonitas" consideram muitas outras opções (The Week, Sky Lounge, festas caras) e só caem na LB em caso de necessidade e pela localização conveniente da casa. Afinal, bem ou mal, ali todos sabem exatamente o que vão encontrar.

Ou seja: com tanta coisa acontecendo, o jeito é olhar para dentro de si e responder: de que tipo de comemoração eu estou realmente a fim? Vale lembrar que, se você se jogar no dia 28, no dia 29 e no dia 30 (festas não vão faltar), provavelmente chegará à noite do dia 31 completamente destruído - nesse caso, vale a pena investir numa festa cara? Mais importante do que todas essas divagações, porém, é descobrir onde os amigos estarão. Porque, na companhia das pessoas de quem se gosta, qualquer réveillon acaba sendo um programão.

5 comentários:

Vítor disse...

Se eu fosse uma bee fervida não-carioca, eu iria certamente pra festa do André Garça.

O Espaço Lundgren não é tão pequeno como algumas pessoas andam pregando, até porque a antiga loja se mudou pro Fashion Mall e os espaços aumentaram.

Além disso, a festa terá Absolut, ao contrário de outras festas mais caras, como a do Ipanema Plaza, que fica num local com o IPTU mais baixo, haha. Entre as duas, eu não hesitaria em ir pra festa do Garça, por uma questão de comparação da ofertas de cada uma mesmo.

E, por último, acho que o Cena, por ser um site conhecido no país inteiro, vai reunir um pessoal menos panelinha que a festa do Ipanema Plaza.

De qualquer forma, eu vou pra festa de Sta Teresa, já que eu sou muderno pra caralho, adoro o Maurício e o Pareto, e vou conhecer provavelmente meio mundo por lá. Se o lugar não me cativar muito, fujo pra TW quando o trânsito melhorar, já que o caminho Sta Teresa-Saúde não será nem de longe um dos mais dramáticos.

Possibilidades absurdas (na minha opinião, claro): Sky Lounge (bagaceiro achando ser classudo), Felice (pequeno demais - talvez seja melhor prum pessoal mais velho) e Lelê (dispensa comentários).

Kitto disse...

Oi oi =)
Ó eu aqui outra vez...

Bom, já tinha dito (se não, digo agora) que adorei a forma como tu escreve!

Meu blog tá mais morto do que peru de natal, mas estou me organizando para colocar ele de volta na atividade.
Sendo assim, adoraria ter a tua visita =)

Temos alguns pontos de vista semelhantes e seria legal ter a tua opinião...

Então, tá... Muito prazer =)

Unknown disse...

Para o povo que não conheçe o Rio, seu texto está digno de imprimir levar no bolso e escolher a dedo!!!

Nos esbarramos pela A Semana, creio eu...

Hugs out!

Anônimo disse...

Olha Tiago muito bom seu blog ( de novo eu dizendo isso), e fantástico o seu texto.

Moro em Salvador e sou frequentador do eixo sul gay, notadamento do Rio, é matar as saudades da cidade e dos hábitos ao ler seu blog.

Passarei o reveillon em Buenos Aires, para fugir um pouco da rotina Rio pegação fritação etc, mas meu lugar neste ninho é cativo. >)

Bom 2008 para você.

Anônimo disse...

Ih, a festa em Santa Teresa já flopou... tudo bem que o pedido de desculpas no site foi escrito em português sofrível, mas é uma pena terem feito um abaixo-assinado. O lugar parecia lindo...