Quando fui conhecer o Venga!, primeiro bar de tapas do Rio de Janeiro, aberto recentemente, a pergunta que fiz foi: "Como é que ninguém aqui pensou nisso antes?" Afinal, esse delicioso hábito espanhol - encher uma mesa com pequenas porções de petiscos variados, e passar uma tarde preguiçosa de verão beliscando e jogando conversa fora - tem tudo a ver com a terra dos Jobis e Bracarenses, que traz a cultura de botequim em seu DNA.
Mas estamos na Dias Ferreira, corredor gastronômico do Leblon onde paparazzi se engalfinham para fotografar celebridades globais, e um prato de salada chega a custar o equivalente a US$45 por quilo (no Celeiro, provavelmente o quilo mais caro do país). Assim, não bastaria que o Venga! fosse mais um pé-sujo despojado e com bons acepipes, como tantos outros da cidade. A casa soube criar um ambiente vistoso e aconchegante (apesar de apertado, algo inevitável numa região onde o espaço é tão caro), com umas poucas mesas altas na parte da frente e mais algumas cadeiras ao longo de um balcão.
Vamos às tapas, então. As porções são pequenas, justamente para que se possam provar vários tipos de iguaria. As croquetas são vendidas por unidade - a camarão é boa, mas é a de jamón serrano e queijo emmenthal que rouba a cena. Aliás, para quem é adorador dos presuntos espanhóis, o menu inclui o célebre Pata Negra, tido como o melhor do mundo (a um preço correspondente). Eu e meu amigo pedimos também uma porção de calamari (finos aros de lula empanados), um par de bombas (bolinhos de batata recheados de filé picante), uma porção de patatas bravas (levemente condimentadas, com um dip de maionese) e um par de pintxos (primos espanhóis das bruschettas) de presunto cru com queijo manchego (de leite de ovelha).
O que gostamos de verdade foi dos pintxos e das croquetas de jamón. Achamos as patatas bravas meio sem graça, e as tais bombas dá para encontrar em qualquer padaria que tenha uma boa estufa de salgadinhos. Mas vimos outras tapas que pareciam interessantes, como pintxos de tartar de salmão e uma porção de pulpos (pedacinhos de polvo temperados) que a mesa ao lado comia com gosto. Só não provamos porque a conta já estava ficando salgada.
Aliás, o lado inconveniente da história está justamente na dinâmica das pequenas quantidades. Como os preços individuais não chegam a assustar, uma porção puxa a outra, e perde-se facilmente a noção da conta. Nossa brincadeira espanhola acabou saindo por uns R$90, sem bebidas alcóolicas - e ficou uma certa sensação de que gastamos o dinheiro de um jantar apenas para comer um punhado de salgadinhos.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Entre tapas e beliscos
Postado por Thiago Lasco às 7:26 PM
Marcadores: comida, restaurantes, rio de janeiro
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11 comentários:
vc tinha que gostar de pintxos e croquetas né? o DNAy tá até no paladar!
agora sério... adoro tapas (ooops), tenho falta de atenção gastronômica e adoro provar de tudo um pouco.
mas... a R$45 por cabeça ficou a sensação de fome ou deu pro gasto?
Pintxos é como eles chamam as tapas no País Basco, sugestivo, não? Provei uns em Bilbao que misturavam ovo com carne e salmão que eram umas bombas! Mas realmente por esse preço a brincadeira fica meio sem graça... Adorei o post sobre os albergues no Rio!
É exatamente essa conclusão a q vc chegou no último parágrafo que eu cheguei sobre aquela rede KONI. Vc acaba gastando R$ 50,00 por 4 unidades do negócio mais uma bebida. Por essa grana, prefiro comer muuuito bem no "Dois Em Cena" do Rio Sul...;-)
é por isso que eu gosto do rodizio do Nik Sushi na Garcia d'Avila em Ipanema! Barato, bom e farto...Luca, Roma
Boa! Gostoso mas caro... Acontece. A diferença é que na Espanha é baratinho. Aqui é "coisa pra rico", sempre. Eta paiszinho.
Beijos da Cam
Adoraria poder frequentar mias lugares assim!
Eu por enquanto só tenho condições de catar uns buraquinhos que valem à pena aqui em Pernambuco, como algumas tapioqueiras ou a Casa de Noca aqui em olinda, onde a especialidade é Carne de Sol, Queijo Coalho e Macaxeira, also know as aipim pra vocês do Sudeste. Sim, a Casa de Noca só serve isso e o atendimento é tão ruim, mas tão grosseiro, que você chega a rir. Você se sente sendo atendido por um personagem de Aguinaldo Silva, Jorge Amado ou Dias Gomes. A comida vale à pena.
é essa a minha sensação tb quando vou num tapeiro desses... q poderia ter gastado a mesma grana numa bela refeição... mas vale pra fugir um pouco do convencional. Depois dos rodízios de petiscos (so 2007), essa é a nova febre.
Os preços do Celeiro são ridículos. Já paguei 50 reais por umas folhinhas esquálidas. O que se compra, ali, não é comida. É status, sei lá. O Leblon todo é muito caro e estiloso. Evito locais fashion e recomendo um lugarzinho bem simples em Ipanema. Fica na galeria do Estação Ipanema (cinema), chama-se Fontes. Comida "natural", e dá-lhe aspas porque tem coisas ali tremendamente industrializadas. Mas há boas escolhas em pequenas porções, tipo saladinhas, sopas e uns franguinhos transados. Nessa linha, outro excelente em Ipanema é o Laranja da Terra, em frente à confeitaria Chayka, no segundo andar de uma galeria comercial. Este só abre para almoço, pertence ao jogador Tande (vôlei? basquete?), que abriu outro novinho na Aníbal de Mendonça, ao lado daquela Forneria com a qual o Sr. Fasano tenta nos impor os mesmos cacoetes e afetações da elite paulistana (e que, merecidamente, vive vazio em razão dos preços altíssimos e da qualidade discutível do que serve).
Minha amiga que mora no Rio sempre diz: se joga nos biscoitos Globo e pronto. Aqui nada mais vale.
Maldade dela, claro, mas realmente tenho dificuldade em encontrar bons lugares pra comer lá. Estamos mal acostumados com São Paulo.=)
Ja tentei duas vezes, mas sempre com fila enorme de espera....
Pequenas porções a preços módicos enganam bem. Fui ao Ping Pong com um grupo e abusamos do pedido (cada porção custa em média uns 10 reais).
Continha para cada um: 70 reaishh. E olha que eu nem saí rolando de lá...
Resolvi experimentar o Uni do Masp que você indicou aqui no blog, uma delícia.
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