Vou aproveitar o embalo do post anterior (que rendeu mais do que eu esperava!) para falar um pouco mais sobre Salvador. Desta vez, vamos a um dos meus assuntos favoritos: restaurantes! Dá pra comer muito bem na capital baiana - inclusive para quem, como eu, não vai com a cara do dendê e passa longe de acarajés, vatapás e qualquer coisa apimentada. Se os preços são bem compatíveis com os de São Paulo e Rio de Janeiro, pelo menos os frutos do mar são melhor servidos - nada de pedir camarão e receber um pratinho enfeitado com apenas três unidades. Vou organizar as dicas na forma de um passeio virtual, percorrendo os bairros da cidade. Vambora?
Começamos no Pelourinho, é claro. Meu xodó é o La Figa, na rua das Laranjeiras, um restaurante italiano especializado em massas com frutos do mar, com ótima relação custo-benefício - indico o pappardelle mare i monti, com um toque de creme de leite, vinho branco, camarões e shiitake. Se puder gastar um pouco mais, tente os pratos contemporâneos do Maria Mata Mouro. Para comida baiana, você tem o Sorriso da Dadá, a casa mais turística da famosa quituteira, e o Restaurante-Escola do SENAC, uma verdadeira aula de culinária local, em esquema bufê. No Elevador Lacerda, viciados em leite condensado (essa droga poderosa!) têm orgasmos múltiplos na doceira A Cubana, que faz um pudim supimpa [foto] e um sabor de sorvete chamado menina bonita, com leite moça e castanhas.
Pegando a Cidade Baixa e subindo a Avenida do Contorno, temos os restaurantes que mais impressionam o turista. O motivo é um só: todos se debruçam para a vista espetacular da Baía de Todos os Santos - o cenário é mais especial durante o dia, mas também enfeita um bom jantar. O baladadérrimo japonês Soho foi o primeiro a se instalar. No mesmo complexo gastronômico (chamado Bahia Marina) estão o francês Oui, a pizzaria Fiona e o Lafayette, este último com pratos criados pela Carla Pernambuco (Carlota/SP), mas que já foi bem mais gostoso. Mais para baixo em direção ao Mercado Modelo estão o Amado (tido como o melhor do pedaço depois que o saudoso Trapiche Adelaide fechou) e o 496 Grill & Bar, que acabou de abrir e está na moda.
Chegando à Vitória e Graça, bairros adjacentes que formam uma espécie de "Higienópolis de Salvador", temos a espetacular Doces Sonhos, no Corredor da Vitória, que faz os melhores bolos da cidade (as tortas salgadas de peru e camarão também são nota dez). Uma coisa de louco, morro três vezes a cada garfada! Perto dali, na Graça, o japonês moderninho Shiro, e duas delicatessens: Deli & Cia. (na Euclydes da Cunha) e Perini (na Princesa Leopoldina, a maior filial da rede de empórios gourmet, com direito a um ótimo bufê de almoço e sanduíches que você monta a peso, com ingredientes de primeira).
Apesar de ter a melhor praia urbana da cidade, a Barra é surpreendentemente capenga em termos de comida. Quando estou no Porto da Barra e bate aquela fome, vou ao natural Ramma, escondidinho na rua Lord Cochrane. A padaria DelliPorto, na Al. Antunes, faz sandubas honestos. À noite, só consigo lembrar do Pereira, bar-restaurante meio mauricinho e caro, mas com uma varanda deliciosa. Em Ondina, uma das maiores extravagâncias da cidade: o italiano classudo Alfredo di Roma, especializado em fettuccine (uma massa com camarões custa R$65, mas é de lamber o prato). Pegando a Sabino Silva e entrando no Jardim Apipema, dá pra gastar menos nos parmegianas da Cantina Volpi ou no simpático Mariposa, que serve crepes, sucos e temakis em clima praiano.
O boêmio Rio Vermelho é o bairro com mais opções. A rua Fonte do Boi, onde ficam os hotéis Ibis, Mercure e Pestana, alinha o natural Manjericão (exuberante, construído no meio do mato, bom para depois de uma prainha no Buracão), o japonês Sushi Deli, os versáteis Confraria das Ostras e Dogma, com menus bem variados (e almoço executivo), e o Ciranda Café, ponto de encontro das lésbicas da cidade. O bairro ainda tem as redondas da Companhia da Pizza e do Piola, o japa ocidentalizado Takê (com farto rodízio a R$55), o novo Sabores de Dadá, o contemporâneo Salvador Dalí e o brasileiro Dona Mariquita, que faz uma excelente feijoada de frutos do mar, sem nenhum gosto de dendê. Para a fome da madrugada, dá para escolher entre o trash McDonald's, o saudável (e demoraaaado) Suco 24 Horas Rio Vermelho ou o conjunto de botecos do Mercado do Peixe.
Mais adiante, a Pituba é um bairro que eu explorei pouco - a maior parte das comidinhas está mais afastada da orla, em direção ao Caminho das Árvores e Itaigara, que formam a "Moema local". Só penso em guloseimas proibidas: uma filial d'A Cubana, numa galeria próxima à Praça Nossa Senhora da Luz, onde dá pra degustar o tal pudim sem ser molestado pelos pedintes do Elevador Lacerda, e uma unidade maior e ainda mais pecaminosa da Doces Sonhos, na Paulo VI, para se jogar e perder a linha mesmo, afinal você está na Bahia e não no Rio de Janeiro. Seguindo a orla em direção ao norte, a praia da Armação tem três endereços muito queridos pelos nativos: os tradicionais Ki-Mukeka e Yemanjá, boas pedidas para um almoço bem típico, e a churrascaria Boi Preto, considerada a melhor da cidade pelo júri da revista VEJA. Já em Itapuã, o Mistura é craque em pescados e frutos do mar - ainda tô louco pra provar os camarões graúdos ao prosecco com risoto de amêndoas.
Por fim, dois endereços para quem não se incomoda em sair um pouco da rota: o venerado Paraíso Tropical, que funciona dentro de uma chácara no Cabula (o dono prepara moquecas exóticas com as frutas cultivadas lá mesmo; preciso conhecer sem falta da próxima vez!) e a tradicionalíssima Sorveteria da Ribeira, no bairro do mesmo nome - que parece uma vila de pescadores, e pode render uma tarde gostosa, se combinada com um pulinho na Igreja do Bonfim e um pôr-do-sol cinematográfico na Ponta do Humaitá. Bom apetite, meu rei!
quinta-feira, 17 de março de 2011
Varredura gastronômica soteropolitana
Postado por Thiago Lasco às 8:23 AM
Marcadores: nordeste, restaurantes, salvador, turismo
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6 comentários:
Se eu te falar que uma das minhas vontades de conhecer Salbador é justamente pela culinária, vc me chamaria de gordo?
bjs!
Belo guia, hehe
Existe uma cubana no pelô mesmo, descendo ali na antiga escola de medicina, perto da casa Jorge Amado, e é mais confortável e eficiente que as outras duas, aliás, ODEIO a cubana da Pituba. Na cubana tem mais duas iguarias que vc precisa provar quando vier. O bolinho da cubana, um bolinho simples mas charmosinho e o batido composto de amendoim. Doses generosas de xarope de guaraná e sorvete de amendoim são as bases dele, costumo chamar de cocaína líquida, hauahuah
De resto, perfeito, hheeheh
bjs
Eu adoro seus "travel posts"!
Em Salvador eu sempre vou ao Soho (a noite) e dou uma de perua no cafe' do museu Carlos Costa Pinto, uma pequena oasis no Corredor da Vitoria, a Viera Souto do Nordeste :-)...um lugar tranquilo na Bahia é um achado rsss
A internet pode nos render felizes encontros... Acho que com o 'Introspecthive' foi um destes. Sao ótimos os textos! Sou suspeito em falar sobre o primeiro que encontrei, que fala da Bahia. Sou um quase baiano, hehe, ainda sem conhece bem a beleza do estado.
Bom, acho que passo mais vezes por aqui! Se me permiti estou colocando o link desde blog no meu, para que mais pessoas conheçam essas letras.... (to seguindo tb)
abraço
Gilson Alves
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gilsonalvess.blogspot.com
O Amado é uma delícia. O serviço não deve nada a São Paulo (e os preços também)
Gosto de lá no almoço, para depois ir ao deck tomar um café com aquele vista maravilhosa.
O Paraíso Tropical é diferente de tudo que já vi nesse mundo. Eles tem alguns pratos no Emprestado, mas ainda não fui lá conhecê-lo.
O resto, na minha estada na cidade, foi Subway e Mc, um no começo e outro no final da rua em que fiquei hospedado na Graça.
nossa, guia completo! eu escrevi no meu blog sobre os acarajés: http://escapismogenuino.wordpress.com/2010/11/03/em-busca-do-acaraje-perfeito/
fui em busca do acarajé perfeito ;)
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