quinta-feira, 1 de novembro de 2007

O sobe-e-desce do Creamfields Buenos Aires 2007


No próximo sábado, acontece em Buenos Aires a edição 2007 do festival de música eletrônica Creamfields. Vários amigos (e também alguns leitores do blog que não conheço) estão aproveitando o pretexto do festival para visitar a cidade pela primeira vez, e me pediram dicas. Por isso, vou postar nos próximos dias um guia em três partes, com restaurantes, passeios, compras e conselhos úteis.

Enquanto o guia não vem, quem quiser pode ler meus posts anteriores sobre a cidade, a noite portenha e o festival. E falando em festival, mesmo sem poder ir desta vez, me arrisco a fazer um sobe-e-desce com base nas minhas experiências anteriores...

UAU:

1) O LINE UP CHEIO DE ESTRELAS. Carl Cox, Chemical Brothers, John Digweed, Hernán Cattáneo, Mark Farina, Tiefschwarz, 2ManyDJs, James Zabiela... o festival argentino tem muito mais bala na agulha para trazer nomes do primeiro escalão da eletrônica do que o nosso cada vez mais mirrado Skol Beats. No quesito "top DJs", o Creamfields não economiza: é muito mais atração boa pelo seu dinheiro.

2) A ESTRUTURA MEGA ORGANIZADA. Ao longo dos seus seis anos de existência, o Creamfields cresceu e virou um colosso, que neste ano já espera receber 70 mil pessoas. Um evento desse tamanho ou funciona muito bem, ou simplesmente não funciona. Felizmente, tudo ali é organizado de forma altamente profissional, desde a entrada (que anda rápido e sem dramas na revista), até a sinalização das tendas, passando pela oferta de bares e banheiros, sem esquecer do cada vez mais importante plantão médico.

3) O AFTER DO CAIX. Se o festival costuma ser bom (com variações de ano para ano conforme as atrações escaladas), o "segundo round" no Caix consegue ser ainda melhor. Em domingos normais, a combinação de música boa, gente descolada e fervida e vista para o Rio da Prata já faz dessa a melhor balada fixa da cidade; quando tem algum festival antes, todo mundo que importa vai pra lá depois, e o que já era babado fica incrível. Aos menos resistentes, vale até sair mais cedo do festival e descansar um pouco no hotel, para não deixar de ir ao Caix.

4) A PAIXÃO DOS ARGENTINOS POR PROGRESSIVE HOUSE. Poucos povos no mundo têm uma adoração por música eletrônica e uma energia tão contagiante como os argentinos. Em pistas como a do Pacha, as pessoas gritam, pulam e dançam eufóricas - especialmente se o som for progressive house, a paixão nacional. Não por acaso, a tenda que o festival dedica a esse gênero (Cream Arena) é, de longe, a maior de todas. Dançar nela é uma experiência única. A resposta da multidão ao som de Hernán Cattáneo e Martín García, maiores expoentes do prog e verdadeiros heróis locais, é simplesmente indescritível. A tenda inteira vibra, ovula e parece sair do chão. E até aspirina deixa você feliz.

UÓ:

1) O DRAMA DO TRANSPORTE. Os taxistas de Buenos Aires têm uma peculiaridade: simplesmente não aceitam passageiros saídos de eventos eletrônicos. Por melhor que seja o seu estado, você chama, eles dizem que não e passam reto - sempre foi assim. Isso quer dizer que todo mundo que não veio de carro ou não contratou previamente um rádio-táxi com hora marcada para buscá-lo é obrigado a ir embora a pé. Quando o Creamfields era na Costanera Sur, era quase uma hora de caminhada até uma área onde passassem táxis que não sabiam do festival e parassem. Agora que o evento mudou para o Autódromo, que é lá na casa do capeta, a situação vai ser muito pior. Serão 70 mil pessoas saindo de uma vez, e pelo menos metade terá dificuldades para voltar para casa.

2) A DEMORA EM SOLTAR OS HORÁRIOS DAS TENDAS. Todo ano é a mesma coisa. O site entra no ar em agosto, as principais atrações são divulgadas aos poucos a partir de setembro - mas nada dos horários dos DJs nas tendas. Enquanto o Skol Beats solta logo os line ups completos e o público pode planejar sua noite com dois meses de antecedência, quem vai ao Creamfields só fica sabendo na véspera quem vai tocar onde e quando - e precisa se virar para decidir os conflitos de tendas, que fatalmente acontecem (é muita gente boa tocando ao mesmo tempo).

3) A SELVAGERIA AO QUADRADO DA MOLECADA ARGENTINA. Todo mundo sabe que grandes festivais são para quem tem espírito esportivo: a muvuca e a confusão são praticamente inevitáveis. Mas, se no Brasil já é preciso ter paciência com os inconvenientes que estragam a festa dos outros, na Argentina o buraco é mais embaixo: o povo fica ensandecido e a falta de educação é generalizada. E isso piora a cada ano, com a popularização da música eletrônica atraindo gente cada vez mais nova para os festivais. No Creamfields, impera a "lei da selva": empurrões nas tendas lotadas, cotoveladas nos balcões dos bares, gente furando a fila do banheiro na maior cara-de-pau. E olha que lá não tem pitboy...

4) A PAIXÃO DOS ARGENTINOS POR PROGRESSIVE HOUSE. Progressive house é o gênero mais adorado pelos argentinos. E por isso a tenda dedicada a ele tem quase o dobro de tamanho das outras tendas (como acontecia com o drum n'bass no Skol Beats). Mas, por maior que seja, a Cream Arena não é suficiente para acomodar as, digamos, 40 mil pessoas que são fanáticas por progressive, Hernán e Martín. Isso significa que a lotação da tenda vai muito além do que seria tolerável: as pessoas se empurram, se espremem, se machucam - e sair para comprar uma água pode levar 45 minutos. Uma verdadeira operação de guerra.

12 comentários:

Anônimo disse...

Amei o Blog, acredita que não conhecia...ixiiii

TONY GOES disse...

Eu ODEIO prog, quase tanto quanto odeio reggae ou sertanejo. Minha vontade ir ao Creamfields � negativa... iria se tivesse shows dos Scissor Sisters, Mika, Amy Winehouse. Passei da idade. Hoje tenho mais � que ir a casas de fado, ficar sentadinho e no m�ximo cantar alto atrapalhando a fadista: "Se de mim nada consegues, porque ent�o que me persegues, constantemente na rua?... Sabes bem que sou casada, e a outro dedicada, e que n�o posso ser tuaaaaa..."

Vítor disse...

Pesando altos e baixos, fiquei com a impressão de que foi beeeeem programa de índio. Como tudo depende da "vibe" (se é que me entende - e eu sei que entende), pode ter sido uma experiência boa.

Ah, em 15 dias, estarei por aí (SP... não BsAs) para um curso de uma semana.

Anônimo disse...

Por acaso vc vai?

Thiago Lasco disse...

Vítor, o Creamfields ainda não rolou, é só no sábado que vem! E Anônimo, desta vez não vou não!

Vítor disse...

Ah, agora li direito! Você tá fazendo a Mãe Dinah... :P

Bjs!

Rodrigo disse...

Te linkei!
boa semana!
bjo pra tu

Anônimo disse...

tenho a maior vontade do mundo de ir. mas minha vontade é proporcional a minha preguiça :(

Anônimo disse...

Thio, li tudo viu, valeu pelos toques. Bjus e "MOJA MI CUERPO BUENOS AIRES"

Anônimo disse...

Que saudades de buenos aires lendo seus posts...Alias foi por causa de outros posts sobre buenos aires no meio do ano que eu achei seu blog ( procurando algo no google sobre a noite de la).Fikei la 1 mes e meio mto bem aproveitados, após ter odiado os primeiros dias, fui me apaixonando lentamente pelos argentinos.

To fora de festivais e confusões. Sempre preferi clubs menores ( e cheios). Se eu não tivesse falido depois de tanto tempo viajando era capaz de ir pra Buenos Aires só pra ir no after do Caix e não iria no Cream, como ja fiz em SP indo no after do dedge e passando LONGE da skol beats. Esses mega eventos vc perde mais tempo em filas, comprando bebidas, indo ao banheiro e sendo revistado ou procurando a tenda certa do que dancando ou se divertindo. Eh um sako!
Quando aos taxis, comigo foram todos muito amaveis. Nenhum me roubou, e todos eram sempre simpaticos kerendo saber coisas do Brasil. O unico problema serio eh que "no hay cambio". Se vc tenta pagar com nota de 100 pesos entao...eh um sufoco..eles ficam desesperados!!! Esse problema nao eh so com taxis, todo lugar tem cartazes dizendo " NO HAY MONEDAS" "NO HAY CAMBIO".... vai entender!?! Troco é algo dificil em buenos aires.

Pena que nao posso contar uma historia que aconteceu dentro de um taxi em buenos aires. Mas eles sao tao bonzinhos que eu perguntei "Posso fazer algo errado aki dentro?" e fiz ( só nao posso dizer o que)!!! As 7h30 da manha enqto o taxi voltava pro CAIX (ja que estava fechado depois q saimos da Pacha, resolvemos ir na av cordoba pega algo rs)

Anônimo disse...

Valeu pelas dicas....

nossa, já desanimei de ir pro Cream... to pensando em pular e ir direto pro after do Caix... alias, vai de que horas até que horas?

Beijao,
Dan

Anônimo disse...

Thi,

segue o horário do line-up:

http://www.creamfieldsba.com.ar/downloads/cflds07-horarios.pdf