segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Rapidinhas de segunda

ÜBER FAIL Depois de tantos comentários sobre Brüno, tive que ir conferi-lo e tirar minhas próprias conclusões. Não consegui entender o hype: achei o filme muito, muito ruim. Diziam que era um tapa na cara dos homofóbicos, mas não vi ali nenhuma mensagem realmente educativa para os héteros. As pretensas "críticas" que o filme faz são rasas e superficiais e ele ainda reforça estigmas negativos, levando o público leigo a inevitáveis associações entre o ridículo protagonista e os gays em geral. Como espectador gay, não me senti vingado, e sim constrangido. Tudo isso seria perdoável se ao menos o filme fosse engraçado, mas o humor eurotrash de Sacha Baron Cohen consegue ser apenas infame, chulo, vulgar e de péssimo gosto. Talvez eu não teria tido uma surpresa tão ruim se tivesse visto Borat. Agora entendo que tê-lo evitado foi uma decisão acertada.

BOCA LIVRE Com as contas dos jantares cada vez mais altas, a gente fica bem feliz com a notícia de mais uma Restaurant Week em São Paulo. É uma ótima oportunidade para testar lugares novos, ou mesmo comer em restaurantes que normalmente não caberiam no orçamento. Depois do sucesso das edições anteriores, o número de casas participantes cresceu, assim como a duração do festival: agora são catorze dias (de hoje até o dia 13/9). Só os preços continuam os mesmos - R$27 no almoço e R$39 no jantar. Entre as novidades, endereços caros como Antiquarius (estrelado português com sede no Rio) e Porto Rubaiyat (que serve versões 'populares' de seus peixes em sistema de bufê). Confiram os menus no site no festival e programem-se - os endereços mais concorridos estão trabalhando com reservas e esgotando rapidamente a capacidade diária.

LUVA DE PELICA Já que é impossível elogiar e bater palmas para tudo, quem consegue dar seu recado sem criticar abertamente e ganhar desafetos se sai melhor. A coluna de Monica Bergamo na Folha de sábado mostrou a estreia de Jesus Luz como DJ no Royal, em São Paulo. Consta da coluna que o toy boy de Madonna tocou um insosso poperô comercial, levantando os braços com os dedinhos apontados para o alto, batendo palmas e gritando "uhu". Na tentativa de parecer cool (ou esconder sua insegurança), o moço escondeu o rosto com óculos escuros, cafonice típica de seu padrinho Paul Oakenfold. Esperto, o repórter conseguiu retratar o mico de Jesus sem se comprometer. Bastou colher a opinião do público: os gongos dos freqüentadores renderam ótimas aspas e, para todos os efeitos, o jornal não meteu o pau no menino.

CAFUÇU É O TEU C... Quem acompanha este blog há mais tempo já sabe que, quando o assunto é homem, tenho um especial apreço por tipos rústicos, morenos e bem brasileiros, desses que povoam as ruas de cidades como Recife e Salvador. Aprendi com os pernambucanos a chamá-los de cafuçus, incorporei o termo imediatamente e vários colegas blogueiros fizeram o mesmo. Dia desses eu estava conversando com um baiano lindo, chamei o cara de cafuçu e ele ficou enfezadíssimo! Eu disse a ele que, saindo da minha boca, aquilo era um elogio carinhoso (já chamei caras de "meu cafuçuzinho" mais de uma vez) e, mais calmo, ele explicou que eu deveria deletar essa palavra, especialmente quando estivesse na Bahia. Além de ser gíria de pernambucano, povo com o qual o baiano tem "quizila", ali ela tem uma conotação extremamente pejorativa. Prometi me policiar e fiquei agradecido: não quero correr o risco de perder nenhum cafuçu-delícia só por tê-lo chamado elogiosamente de cafuçu...

26 comentários:

Too-Tsie disse...

Xiii que cafuçu sensível...

Tenho um certo medo desse restaurante week, com o tanto de críticas de gente que é mal atendida, leva gato por lebre, mas acho que está melhorando.

Reclamei no twitter sobre o preço dos restaurantes, um simples hamburguer a 2 com refri e 1 batata no America, a conta passou os 3 dígitos...

Rodrigo disse...

- Ufa, pelo menos não sou apenas eu que achou brrrrruno uma merda sem tamanho.
- Jesus o que?
- e quem introduziu o cafuçu em mim (ui) foram as las bibas!!!

beijo pra ti e saudades!

Isadora disse...

As mesmas impressões que eu tive sobre Borat, você teve sobre Bruno. A crítica do Tony me deixou curiosa, mas acho que não vou arriscar, não. Pior que nem vi Borat no cinema. Baixei, na época, e chamei uns amigos para ver, crente que era o melhor filme do mundo. Resultado: constrangimento geral.
Adoro suas notinhas rápidas!
Beijo!

Celso Dossi disse...

Bruno é um jackass fashion.

Music is my boyfriend disse...

eu aprendi a falar cafuçu com Las Bibas from Vizcaya...

K. disse...

Ahm
Brüno não me agradou, mas não achei a pior coisa já feita. Acredito que a crítica tornou-se maniqueísta a partir do momento em que se perdeu a dose de exagero no personagem gay... E tudo degringolou. Mas ainda assim, tem seu papel e sua coragem no mainstream norte americano

Diego Rebouças disse...

Estou me sentindo um completo outsider: não vi Brüno, não sei o que é a Restaurant Week, Jesus pra mim só o Inri Cristo e nunca chamei um homem de cafuçu na vida. Ah: e também não vejo Caminho das Índias. (Gente, acabo de concluir que eu ando muito chato e desinteressante! Socorro!)

Diego Rebouças disse...

Eu estou te devendo uma explicação sobre o ex-nerd, né? Mas como eu vou te enviar? Não tem email de contato! E os comentários aqui não são moderados. Ou são?

Douglas Mendez- O Homem é um ilha disse...

O Xéxeo do Globo fez um comentário q talvez explique algo: "o único mérito de Brüno é ser um filme super trash q conseguiu uma distribuição de filme comercial". Eu achei um lixo, abandonei com 20 minutos.

Tiago disse...

Não vi ainda Brüno, mas como já assisti a Borat, imagino mais ou menos o que me espera, dizem que o tipo de humor é bem parecido. É um humor meio agressivo realmente (humor inglês?), mas só por expor as mazelas da sociedade americana já acho que tenha seu lugar. E eu li uma entrevista com o "Brüno" na revista inglesa Attitude de julho que estava ótima, dá para ver que o moço é bem inteligente.
Uma bobagem essa história do "cafuçu", mas um relato desses bairrismos do Brasil que para a gente, em Brasília, não faz o menor sentido. Aqui a gente usa meio da mesma forma como você.

poor guy fashion victim disse...

Bruno é genial e é tão genial que não deixa nenhum grupo de fora seja ele politíco, religioso ou sexual de fora.

Centrando o filme na orientação sexual de Bruno (tem mais, muito mais, a questão Israel Palestina já valia tudo, mas não indo por aí)Bruno é um esteriótipo de um certo tipo gay? é. E que mal tem haver gay efeminado? Que mal tem haver gay Não bombado, que mal tem haver gayb ridículo? É tão homofóbico dizer que se é gay, mas que só se respeitam os gay hipermasculinos, como é dizer que a homofobia é antinatura.

A homofobia internalizada, dos gay, não é mais do que o produto de toda uma visão do mundo extremamente maxista e heterossexista. Se os gay querem lutar contra a homofobia, têm que igulamente lutar contra a homofobia internalizada.

Quanto ao facto do filme não fazer nada pelos gay. Tem uma cena que acho manisfesto anti homofobia mais sublime e bem feito já feito em cinema.

Quanto Bruno no meio do ringue esmurra um homem, o público aplaude, quando Bruno beija e faz amor/sexo com o mesmo homem, a mesma assistência quase os quer matar. Pois é, neste mundo aplaudimos a violência, mas somos violentos e não toleramos as manifestações de amor.

Bruno (Borat também já era assim) é genial, porque não pretende ser rigorosamente nada mais que trash, só que o é muito mais, basta estar atento e conseguir a capacidade de nos rirmos de nós mesmos.

Abraço

poor guy fashion victim disse...

ah, aqui na Europa Jesus tá fazendo o maior sucesso. Capa da L'officiel Hommes, first look no desfile do próximo verão da Dolce & Gabbana, first face na campanha de inverno também da Dolce & Gabbana. Claro que há sempre quem diga, que tudo isto é por causa da Madonna. que seja, em tempos de crise uma cara linda e um corpo perfeito só podem ajudar. Não faz mais nada? Mas se é apenas para mostrar a cara e o corpo e o faz divinamente bem, qual é o mal?

Baiano disse...

Sim, baianos não gostam muito de pernambucanos e vice-versa.

Agora, cafuçu aqui na bahia ser ofensa é puro complexo de cor de quem se sinta ofendido. É incrível como uma terra de negros um apelido que descreve a sua raça possa lhe ofender.

Cafuçu na Bahia é pouco usado, mas quer dizer "negão" (não é isso, mesmo?).

Eu que sou branco loiro dos olhos verdes na Bahia, já estou acostumado a chegar SP/RIO e perguntarem: VocÊÊÊÊÊE é baiano?

Sei não, as vezes não sei mais de onde vem o preconceito. ;)

Thiago Lasco disse...

PGFV: Não venha pra cima de mim com esse discurso pronto da homofobia internalizada, porque ele não me serve. Minhas restrições ao Brüno não têm nada a ver com ele ser afeminado e não musculoso - mas sim de passar pros héteros a mensagem de que somos todos vulgares, fúteis, histéricos. Um exemplo? Quando ele tenta seduzir o político velhinho pra gravar uma sex tape com ele. É isso que nós somos, um bando de piranhonas sem ética? Ora, faça-me o favor!

Aliás, simplesmente RISÍVEL o argumento de que "ele não deixa nenhum grupo de fora" e "a questão Israel x Palestina já valia tudo" - ele apenas menciona esses vários grupos, mas não tem substância suficiente para fazer UMA ÚNICA crítica com um pingo de consistência. Em relação ao conflito do Oriente Médio, ele se plantar como uma bicha desinformada, alienada e retardada entre os dois só reforça a ideia de que todos nós somos burros, fúteis, consumistas, nascemos para pagar mico e somos incapazes de entender o mundo além das nossas frivolidades.

Enfim, nada a ver com o fato de ele ser afeminado - há inúmeros filmes protagonizados por gays afeminados que dão ótimas lições, passam mensagens construtivas e são engraçadíssimos. Brüno é puro lixo, coisa de quem consegue dar risada com as palhaçadas do Eurochannel. E tenho dito.

TONY GOES disse...

Thiago, um filme não precisa passar "lições" nem "mensagens" para ser bom. "Brüno" não pretende catequizar os homofóbicos, só tirar sarro deles. E conseguiu. QUE PENA QUE VOCˆE NNAO SE DIVERTIU.

Thiago Lasco disse...

Tony: Com certeza não precisa! Grande parte dos filmes em geral não passam msg alguma, são mero entretenimento, e muitos são ótimos. Mas com esse... realmente não me diverti :)

beto disse...

ei, na discussao do bruno; fico com o tony; me diverti muito; mas nao me senti nem ofendido nem vingado, apenas achei divertido. e como ja tinha visto borat, nao fui surpreendido pelo estilo do filme.
mas tb nao me surpreeendeu que vc nao tenha gostado; lembro de ler posts seus elogiando filmes que nao eram minha praia mesmo. acho que nunca iremos ao cinema juntos hehehe!

cafuçu: eu conhecia o termo pre-bibas e sentia sim que nao era o termo preferido dos alvos; pois embute, alem do aspecto étnico, um que de diferença socio-economica; ao que eu saiba, ninguem chama de cafuçu um executivo que tenha o mesmo tipo fisico. pelo menos ele so ficou enfezado, imagina se tivesse rolado um coio

(e desculpe o teclado gringo)

Tiago disse...

Bem, assisti agora ao filme, e digo que gostei. Realmente, não é nenhuma obra prima e tem muita merda mesmo, mas, como havia pensado, expõe algumas mazelas da sociedade americana de forma muito interessante.
Aquela parte dos pais vendendo os filhos a qualquer preço, por exemplo, é um choque. Nem é para rir. Mas o pior é que é assim mesmo, aquele filme Pequena Miss Sunshine também mostra que para muitos americanos filho é mercadoria e tem que gerar valor agregado.
O final então é realmente um tapa na cara, ele chega arrancando as roupas das mocinhas e a galera delira, mas daí ele começa a beijar um outro cara e qual a reação da plateia? Garrafas e até uma cadeira neles.
Isso sem falar na crítica generalizada à cultura das celebridades. Gente, o que são aquelas loiras "consultoras" dizendo que "Dafar" está na moda? E o pior é que muita gente deve procurá-las para passar uma imagem "boa".
Entretanto, concordo com você que talvez para o público hetero mediano não seja essa a mensagem passada. Para eles é mais um filme de uma bichinha sem noção que fica se insinuando para heteros "normais". Nunca me esqueço quando assisti a "Dogville" e, na saída, vi um casalzinho comentando: "ainda bem que ela se vingou no final!" Pensei na hora: "putz, esses daí viram um filmaço e não entederam porra nenhuma".
Mas foda-se também: porque uma "bichinha" não pode dizer que as estrelas do céu o lembram dos homens lindos, sem causar um silêncio constrangedor? O melhor a respeito disso foi a resposta dele a uma pergunta da revista Attitude: "O que você acha dos críticos que dizem que você é uma visão estereotipada dos gays?" Ele respondeu: "you can't judge every gay men by me, as you can't judge every straight men by Tom Cruise". Sutil.

Anônimo disse...

Quanto assunto interessante. Vou comentar Bruno: realmente o filme é mega chato. Assisti de curiosidade, por que tinha visto o primeiro do ator, e nao fazia idéia qual era o aasunto de Bruno. COm certeza é estigmatizante, podre e pobre. Ele faz palhaçada com tudo, como no primeiro filme, nao tem respeito por coisa alguma, nao sei como alguem pode dizer que um filme desse "comediante" vai tirar estgmas, o trabalho dele parece ser a caricatura do que quer que se mexa, de forma meio morbida e altamente poliicamente incorreta.
BJOS,
Cam

poor guy fashion victim disse...

Só mais algumas observações ainda acerca de Bruno e porque acho o filme genial.

Bruno consegue acabar de uma vez por todas com a passividade consumista dos espectadores come e cala. Na sala a que assisti metade levantou-se antes do fim e foi embora e a outra metade ficou assistir. Pelos vistos na blogosfera também é assim, ou se gosta (mesmo ficando lívido e engolindo em seco achando tudo demais) ou se odeia por nem sequer ter tolerância para olhar de longe e analisar.

O filme é desde o princípio acerca da estupidez humana, não no sentido existencial, mas no sentido mais comezinho do termo. Estupidez estupidez, a estupidez enquanto pornografia para a inteligência e Bruno não escolhe ser erótico, escolhe ser pornográfico e trata a estupidez enquanto pornografia muito bem. Ah, atenção não tenho nada contra pornografia que até gosto muito.

Bruno mostra todos, mas mesmo todos os preconceitos que temos, mesmo para quem pensa que é politicamente correcto. Ops até você gritou que Bruno vai dar ideia que todo o gay é burro como Bruno, mas o que Bruno não diz é que todos os gay são como Bruno, apenas mostra um gay que é burro.

Pegando nas sua palavras, eu penso que os gay, sejam que gays forem não têm coisa nenhuma que dar uma imagem positiva aos hetero, pelos padrões dos hetero e se há gays que eu acho ridículos e estúpidos, não vou deixar de rir deles, só porque eu também sou gay, nem vou achar que o cinema, ou seja o que for, não deva utilizar imagens desse tipo de gays estúpidos.
No fim, Bruno mostra-nos que consideramos imoral dois homens feios a terem sexo, mas que não consideramos imoral a violência e a guerra.

Mas felizmente nem todos gostamos das mesmas coisas e temos as mesmas ideias, e é por isso que a diversidade é tão mais interessante.

Veja o Inglourious Basterds do Tarantino se já estiver passando por aí. Para mim o melhor filme dele deste Pulp Fiction. Depois diga o que achou.

Abraço

Discípulo disse...

Amei o post!

Tuca Mestanza disse...

Cafuçu na Bahia é muito usado. Essa palavra roda há anos, desde que eu comecei a saber as gírias. E tome-lhe anos. Não sei se veio de Pernambuco, mas é bem comum entre baianos a expressão, mas talvez o cara se ofendeu porque significa suburbano, não necessariamente negro, mas suburbano mesmo, pobre. Pelo menos assim é em Salvador.

CARIOCA VIRTUAL disse...

MUITO BOM ESTE POST!Completando, meu cafuçu volta no domingo e volta capitao. heheh

Guy Franco disse...

Ainda bem que Brüno não dá "tapa na cara dos homofóbicos". E sim, o filme é ruim, muito ruim.

Anônimo disse...

Em relação ao termo cafuçu... sugiro que vc troque por "rústico". Um ambiente, uma planta, um estilo, um homem rústico!!! Rústico = sem elaboração, sem cuidado, sem cultivo, sem frescuras!! hehe
Eu não gosto de "homi rústico"!! Um gay que parece HT, rústico ou cafuçu, so mesmo como serviçal. Nunca na minha cama!! Gosto de homens com cabelos bem cortados, mãos finas, cultos, informados, perfumados. Gosto é de gay mesmo!!! rsrsrs

Em relação ao filme BRUNO... sugiro que vc troque por qualquer coisa! Até conversar com a síndica sobre problemas do condomínio é melhor! Não tem nada mais chato que alguem ou algo querendo ser moderno!!! Querendo provocar!! ircchh. E a energia do filme é péssima. Sai do cinema e fui direto prum banho de descarrego.

Saudade docê rapaz!

Luca disse...

Tambem achei o Bruno mais fraquinho do Borat...MAS enfim gostei do filme, o fato de estar sentado ao lado de um "cafuçu" delicia em Salvador tambem baixou a minha capacidade de julgamento racional. E vou ter que admitir que simplesmente nao deu como nao dar algumas gargalhadas quando o namorado thai do Bruno apareceu prestigiando ele com aquela garrafa de champagne...demais é demais kkk