quinta-feira, 31 de março de 2011

Colchonete carioca 2.0

O Rio de Janeiro continua lindo - e a hospedagem continua cara. Aliás, cada vez mais cara, depois que sua vitória para receber os Jogos Olímpicos de 2016 reacendeu o hype internacional em torno da cidade. Para quem tem bons amigos por lá, aquele sofá-cama ou colchonete muitas vezes é a melhor solução. Caso contrário, a alternativa para não gastar tanto é ficar num albergue. Já falei sobre algumas opções satisfatórias na Zona Sul, aqui (incluindo um com piscina!). Mas agora temos boas novas no front. A cidade está entrando na era dos design hostels, uma tendência que já rola há alguns anos em capitais como Lisboa e Praga.

São albergues que mantêm a sistemática e os preços em conta, mas ganham um "banho de loja". Decoração moderninha, área comum com cara de lounge, banheiros e roupa de cama de melhor qualidade, wi-fi e até máquina de Nespresso são alguns mimos encontrados nesses lugares, também chamados de "hostels boutique". Até Buenos Aires já entrou na dança, com o Zentrum, em Palermo. Enquanto isso, quem dava o tom por estas bandas eram aquelas típicas espeluncas com cara de navio negreiro, que só serviam para reforçar o preconceito do turista médio.

Eis que o Rio ganhou não um, mas dois albergues-boutique. Eu os descobri meio por acaso e não sei como está sendo a receptividade, mas acredito que eles têm tudo para ser um sucesso. A começar pela localização. Nada de Catete, nada de imediações do aeroporto (que só costuma ser útil para companhia aérea que tem que alojar vítima de overbooking), muito menos aquela zona erma da Praça Tiradentes onde se esconde o Formule 1. Os dois ficam em pleno Leblon. E não é perto da Cruzada São Sebastião, o favelão vertical ao lado do shopping: é no filé mignon mesmo.

Aberto em dezembro, o Z.Bra Hostel tem fachada futurista [acima] e um estilo moderninho-retrô que é tipicamente carioca. Suas camas em formato de cápsula [ao lado] poderiam estar dentro do 00, na Gávea. A localização é um biju: no final da San Martin, pertinho do Mirante do Leblon, dos restaurantes da Dias Ferreira e a apenas uma quadra da praia - justamente no trecho escolhido pelo povo mais cool que debandou do Coqueirão. Para ajudar o povo a se entrosar, eles organizam ali mesmo sessões de cinema, seguidas de festinhas com DJ. Os preços por pessoa são superiores ao dos albergues comuns, mas ainda camaradas: dormitórios coletivos entre R$60 e R$70, quartos sem banheiro entre R$90 e R$120 e suítes entre R$110 e R$135.

Já o Leblon Spot [ao lado], aberto em junho passado, está um pouco mais longe da praia. Mas há uma compensação: por estar na própria Dias Ferreira, na altura da Bartolomeu Mitre, ele tem fácil acesso a todas as comidas que importam no bairro - inclusive a torta alemã do Fellini, que está perigosamente próxima. As fotos do site sugerem que ele não é afetadamente moderninho como o Z.Bra, mas segue uma linha mais low profile, com direito a alguns móveis antigos que foram garimpados no leilão do Hotel Glória. Os preços são compatíveis com os do concorrente: dormitórios entre R$55 e R$75, quarto a R$90 e suítes entre R$100 e R$145.

O negócio é aproveitar logo, que está tudo novinho e cheiroso - e esses segredos ainda não foram descobertos pelo grande público. Se os albergues mais tradicionais da cidade - alguns deles verdadeiros pardieiros - já vivem cheios, não vai demorar para essas duas pérolas terem fila de espera. Farei um update neste texto caso eu venha a experimentar algum deles. Se você já teve a chance de conferi-los, deixe um comentário contando sua experiência para a gente.

[UPDATE: Tive a chance de me hospedar no Z.Bra Hostel na Semana Santa e fiquei encantado. A preocupação que eles tiveram com os detalhes, desde uma linguagem visual supermoderna até um café da manhã caprichado, fez toda a diferença. Os dormitórios coletivos são mais confortáveis do que os de qualquer outro lugar em que me hospedei, com ar condicionado, luz individual em cada 'cápsula' e um armário bem grande. O staff é bem gentil e a área comum, cheia de bossa, fica tão fervida na madrugada que chega a disputar público com os bares do pedaço. O lugar está fazendo o maior sucesso (entre os hóspedes, só tinha gente bacana), e o dono já está procurando ponto para abrir pelo menos mais um Z.Bra na cidade. Vamos esperar!]

7 comentários:

Unknown disse...

Thiago
A utilidade de seus post`s aliada ao sabor literário que imprime no que escreve, conferem a cada um deles uma grande utilidade.
Na minha proxima viagem ao Rio em final de Abril vou testar um deles.
Abraço grande.

Fernando disse...

Hotel no Rio está beirando o absurdo. Li em algum lugar uma lista de uma empresa internacional de turismo achou que pelo valor de um quarto de 3 estrelas em Estocolmo (uma das cidades mais caras que eu já tive o prazer de visitar) consegue-se no máximo um... duas estrelas no Rio. Caro e ruim: o inferno para qualquer turista.

E palavra de carioca: ou o preço desses hotéis vão dar um salto twist carpado ou logo logo eles usam o espaço para outra coisa. Mercado imobiliário no Rio está impossível. It's Leblon, cheri...

(E cuidado na hora de falar mal do Catete, hein! :) Getúlio Vargas e eu vamos te pegar!)

Beijos,
Fer

Douglas Mendez- O Homem é um ilha disse...

Não só a hospedagem no Rio tá carissima, mas os aluguéis tb. Esse Z.bra tem uma varanda linda e já virou point de encontro pre-noite com direito até a matéria n'O Globo. Eu ainda acho q o sofá-amigo, nesses tempos de rede social, tinha q evoluir pra troca de hospedagens, como já comentei aqui. A gente só tem q evoluir nossos conceitos de civilidade pra dar certo.

Tiago disse...

O Z.bra deu uma cagada comigo. O sistema de reservas deles é péssimo. Liguei lá num sábado e a moça que me atendeu disse que eu poderia reservar um quarto (eles também têm quartos), mas que tinha que mandar um e-mail. Na mesma hora mandei a mensagem. Alguns dias depois, sem resposta, resolvi ligar novamente. Outra pessoa me atendeu e disse que meu e-mail tinha chegado, mas que havia outra reserva mais antiga. Mesmo assim, sequer se deram ao trabalho de me responder. Ainda não desisti de ficar lá, mas da próxima vez vou ter que mudar a estratégia. Que adianta ter design moderninho e sistema de reservas do século passado? Qualquer albergue mediano na Europa tem sistema de reservas on line que funciona. Ou, no mínimo, uma pessoa que atende o telefone tem que poder dar uma informação precisa sobre a disponibilidade de vagas. Fica o desabado! :-)

Anônimo disse...

Seu jeito de escrever ficou diferente dessa vez... ta menos fluido, mais sisudo. E esse assunto ja foi repetido por uns outros 3 blogs... se fosse pra falar, q falasse algo q nao tivesse saido em tantos outros sites, tipo uma opiniao mais pessoal de uma experiência própria, ou algo do tipo..
mas agora q vc trabalha em revista, de certo t pagam pra escrever esse tipo de coisa ne?
bjbj

Thiago Lasco disse...

Anônimo, se tem uma coisa de que ninguém pode me acusar, é de fazer post pago. Você realmente não me conhece, pra falar uma bobagem dessas... Tinha que ser um desses espíritos de porco que se aproveitam do anonimato para destilar veneno gratuitamente por aí...

Anônimo disse...

nao sou espirito de porco nao,, tanto que nao afirmei, fiz apenas uma pergunta. obrigado por esclarecer. beijo