Vamos aos fatos: você pode até não ser ligado em gastronomia mas, mesmo assim, entre uma jogação e outra terá que se alimentar. E São Paulo é uma das cidades onde melhor se come no mundo – tanto que seu enorme circuito de restaurantes é uma atração turística em si.
Para orientar você, aqui vão algumas indicações, divididas em três grupos. Para quem quer ferver até na hora de comer, 6 lugares onde a freqüência GLS é garantida; para uma comida mais caprichada, 6 restaurantes especiais que estão entre meus favoritos (num futuro próximo, farei aqui meu top 20 paulistano, nos mesmos moldes do meu top 20 carioca); e, para aquela fome fora de hora que você quer matar rápido e sem gastar muito, 6 lugares descomplicados que não vão te deixar na mão na madrugada – afinal, São Paulo não pára.
6 LUGARES PARA DAR PINTA, VER E SER VISTO
RITZ. Entra ano e sai ano e o Ritz continua sendo um dos lugares mais freqüentados pelas bees que se jogam nos Jardins. Charmoso, aconchegante e com um quê de pub, tem bons drinques e comida excelente. Os hambúrgueres estão entre os melhores de SP, há pratos incríveis como o lingüini com camarão e abobrinha, e a porção de bolinhos de arroz é um verdadeiro clássico. Não é um lugar barato, mas o clima gostoso, o povo do bem e a comida valem o investimento. A freqüência é maciçamente GLS, mas o lugar não se assume como tal. Alameda Franca, 1088, Jardins.
SPOT. Reúne modernos, formadores de opinião, famosos, descolados e gente que simplesmente quer ver e ser vista. Um dos restaurantes mais badalados de São Paulo desde 1994 – e são poucos os lugares que conseguem se manter em evidência por tanto tempo. A longa espera pela mesa é inevitável e faz parte da diversão, e muitos preferem nem jantar e ficar nos drinques no bar mesmo. Uma pena, porque a comida é de primeira linha. O penne com melão e presunto cru é um destaque do cardápio, que também conta com boas saladas, peixes e carnes com ótimos acompanhamentos. Por essas e outras é que as finas simplesmente amam o Spot. Rua Ministro Rocha Azevedo, 72, Cerqueira César.
MESTIÇO. Um dos lugares mais queridos da cidade, o Mestiço é freqüentado em peso pelos gays, que vão em turma, com as amigas hétero ou com os namorados. Os pratos atiram em várias direções (Itália, Brasil, Tailândia), mas é nos de influência thai que a cozinha mais se destaca (experimente o hua hin ou o bangkok, à base de frango, ou o novo ko phan, de peixe, todos deliciosos). Enquanto espera pela mesa, peça uma porção de krathong thong, deliciosas cestinhas crocantes recheadas de milho, frango e especiarias. E não deixe de pedir sobremesa: entre o sorvete de limão com calda de baba-de-moça, o brownie com calda e sorvete e o frozen yogurt com frutas vermelhas, é difícil decidir qual a melhor. Rua Fernando de Albuquerque, 277, Consolação.
BELLA PAULISTA. Misto de padaria, empório, café e lanchonete, funciona 24 horas e está sempre lotada. O cardápio é longo: desde salgados e sandubas até pratos quentes tipo filé à parmegiana, há praticamente tudo que se possa imaginar, menos sushi e feijoada. Os sanduíches são gigantescos (é difícil dar conta sozinho). Outro destaque são os bufês (de café da manhã, chá da tarde ou sopas, conforme o horário). Os doces não fazem feio – se você curte leite condensado, prove a mousse de limão, e se gosta de chocolate, leve pra casa ou pro hotel uma bandejinha de brownies (que são divinos). Normalmente, já é tão freqüentada pelos gays que é quase impossível não encontrar gente conhecida; por causa da parada, vai virar um verdadeiro inferno, então vá preparado. Rua Haddock Lobo, 354, Consolação.
CONSULADO MINEIRO. Incrustado bem no meio do babado da Praça Benedito Calixto, o Consulado ferve principalmente aos sábados, com movimento ininterrupto desde a hora do almoço até à noite. Como muitos preferem sentar do lado de fora para ver o fervo, as mesas externas não dão conta e o povo se aglomera como pode, ocupando toda a calçada e se misturando com quem veio dar close na praça. A cozinha serve pratos típicos mineiros feitos com capricho, em porções generosas (dois pratos alimentam cinco pessoas), além de doces típicos e 43 tipos de aguardentes mineiras. As meninas adoram e batem cartão. Praça Benedito Calixto, 74, Pinheiros.
L’OPEN. Se os outros lugares deste roteiro são apenas freqüentados por gays, mas não se assumem como “GLS”, este é literalmente um restaurante gay, aliás o único da categoria em São Paulo. Oferece sanduíches, saladas, massas e grelhados com uma boa relação custo-benefício – gasta-se menos do que em outros lugares semelhantes. O frango ao champagne é bem gostosinho. Não perca o ótimo petit gâteau de limão siciliano e chocolate branco. Quem não quiser jantar pode ficar nos drinques mesmo, no balcão ou nos pufes do mezanino. Alameda Itu, 1466, Jardins.
6 LUGARES PARA AQUELA COMIDINHA ESPECIAL
CARLOTA. Meu restaurante preferido e um dos melhores contemporâneos da cidade. Cardápio versátil, com carnes, peixes, risotos, massas e ótimas entradas e sobremesas. O filé mignon ao vinho do Porto e balsâmico com risoto de figos é maravilhoso até para quem, como eu, não come figos e jamais pediria isso. Leia minha crítica mais detalhada do Carlota (com sugestões de pratos) aqui. Rua Sergipe, 753, Higienópolis.
MORI SUSHI. O povo freqüenta mais o Kayomix, dois quarteirões para cima, mas, enquanto lá os sushis são mais tradicionais, aqui você vai encontrar aqueles enrolados mais diferentes, com direito a alguns invencionismos ocidentais, como flambados, empanados e muito molho tarê. A grande dica é sentar no próprio balcão e pedir pelo "festival": lá, você pode interagir com o sushiman e praticamente customizar o seu sushi. Se não quiser pensar muito, deixe tudo na mão dele: as criações divinas que ele vai servir vão ficar na sua memória, especialmente o “urakouve”, que você não pode deixar de provar. Rua da Consolação, 3610, Jardins.
À CÔTÉ / RUELLA. São dois restaurantes da mesma dona, Danielle Dahoui, que também cuidava do excelente Bar d’Hôtel no Rio de Janeiro. A culinária é francesa contemporânea e a decoração é, ao mesmo tempo, exuberante e intimista. O À Côté é mais novo e mais bonito, mas é no menu do Ruella que estão os pratos que eu amo de paixão, como o confit de pato caramelizado com tagliatelle e shimeji à provençal e a inesquecível sobremesa trois laits. O À Côté fica na Rua Bela Cintra, 1709 (Jardins) e o Ruella fica na Rua João Cachoeira, 1507 (Itaim).
LANCHONETE DA CIDADE. Sanduicheria bem-freqüentada, faz provavelmente os melhores milk shakes da cidade, em combinações riquíssimas como doce de leite com calda de nutella e chocolate com calda de brigadeiro. Os hambúrgueres, feitos num pão francês redondo especialmente desenvolvido para a casa, também apostam em ingredientes diferenciados (meus prediletos são o leblon, com queijo camembert, alface, tomate e bacon, e o incrível vegetariano). E o lugar em si é lindíssimo, todo inspirado no Brasil modernista dos anos 50/60. Só pelo lugar e pelo milk shake, já vale a visita. Al. Tietê, 110, Jardins.
RÁSCAL. Num salão amplo e bonito, com freqüência totalmente “família”, oferece, além de pizzas e pratos do cardápio, um excelente bufê a preço fixo. A mesa de saladas e antepastos tem tanta coisa gostosa que já valeria o preço do bufê. Depois, bem no meio do salão, há uma espécie de cozinha aparente em que são preparadas, na hora, porções de massa que você pode escolher entre cinco opções do dia (o ravióli ráscal, massa verde recheada de mussarela de búfala, com molho de tomates frescos, sai diariamente e é tudo de bom). Al. Santos, 870, Jardim Paulista.
SANTA GULA. Móveis antigos, luz de velas e plantas em profusão criam um ambiente exótico e aconchegante (se você é carioca, dá pra traçar um paralelo com o Aprazível, em Santa Teresa). O medalhão de mignon ao molho de vinho do Porto com trouxinhas de creme de queijo mascarpone é uma pedida infalível, assim como o rigatoni recheado de queijo gruyère com molho de funghi. Entre as sobremesas, merece destaque a ótima crême brulée de pistache, mas há várias outras delícias. Ótimo para um jantar a dois, no interessantíssimo bairro da Vila Madalena. Rua Fidalga, 340, Vila Madalena.
6 ÓTIMOS QUEBRA-GALHOS DA MADRUGADA
GALERIA DOS PÃES. Criou a fórmula de sucesso que depois foi seguida pela já citada Bella Paulista: padaria, loja de conveniência chique e sanduicheria, 24 horas por dia. Não é tão versátil como a rival (não serve pratos quentes, apenas sanduíches, salgados e doces), mas também tem bufês de café da manhã e sopas no mezanino. E também costuma lotar (o que acaba afetando o capricho na apresentação dos sanduíches). Sua freqüência resume a fauna que circula pelos Jardins: grupos de adolescentes abonados, madames de meia idade, gays saindo das boates de madrugada. Rua Estados Unidos, 1645, Jardins.
PASTA & VINO. Este simpático restaurante italiano é um dos mais tradicionais da Barão de Capanema, pequeno corredor gastronômico dos Jardins que alinha nomes de peso como Charlô, D.O.M. e a rotisserie Paola di Verona. O Pasta serve massas frescas, carnes, cabritos e o que mais o cliente mandar até 7 da manhã. Recomendo o capelete de carne com molho rosê gratinado. Dá pra pedir porção normal ou meia, conforme a sua fome. Tem uma freguesia cativa que não arreda o pé. Rua Barão de Capanema, 206, Jardins.
OFNER. Doceria tradicional na cidade, com salgados, doces, bolos, café e sorvetes, é outra mão na roda na madrugada: três de suas unidades ficam abertas 24 horas por dia, com mesas à vontade para comer e conversar por horas. Entre os salgados, gosto da maravilha de camarão e, entre os doces, meu predileto é o creme holandês. Endereços 24 horas: Al. Campinas, 1160 (Jardins), Av. Nove de Julho, 5623 (Itaim) e Av. Ibirapuera, 2033 (Moema).
O PEDAÇO DA PIZZA. Em dois endereços na Rua Augusta (e mais um no Itaim), serve pizzas de pedaço de um jeito bem informal. As redondas semiprontas ficam dentro de uma vitrine, você escolhe o sabor e o pizzaiolo leva ao forno na hora, enquanto você paga e pega sua bebida na geladeira. O lugar é fofo, com luminárias retrô e mesas coletivas bem rústicas, com jeitão de fazenda. Abre até 5h00 nos fins de semana. Não é uma excelente pizza (como a do Camelo, por exemplo), mas um excelente quebra-galho. A portuguesa e a quatro queijos são minhas preferidas; se quiser algo diferente, peça a de shimeji com couve crocante. Rua Augusta, 1463 (vizinho ao Espaço Unibanco de Cinema) e 2931 (entre Oscar Freire e Estados Unidos).
TEMAKI EXPRESS. Pioneiro em uma idéia que aos poucos está se espalhando pela cidade: a das temakerias rápidas (temaki, se você não sabe, é um primo do sushi: um cone de alga recheado de salmão, atum etc. que se come com a mão). Não dá pra ser muito exigente: é um fast food - portanto, às vezes se nota que o peixe que usam não é fresco, e sim congelado. Mas não deixa de ser uma opção rápida, leve e barata na madrugada. Rua da Consolação, 3113, Jardins. (Se puder ir até o Itaim, prefira a Ícone Temakeria, na Leopoldo Couto de Magalhães Jr. com a Clodomiro Amazonas: lá tem um temaki do chefe – salmão, shimeji e cream cheese – que é ótimo).
FRAN'S CAFÉ. É um dos primeiros lugares que vêm à cabeça do paulistano quando o assunto é um belisco em horário inusitado. Seu único predicado é ter uma filial sempre por perto: o serviço é amador e os preços são exorbitantes diante da qualidade do que é oferecido. Muito usado para ponto de encontro de internautas (que atire a primeira pedra quem nunca marcou um blind date no Fran’s), fica mais cheio no inverno, quando as sopas feitas dentro do pão italiano fazem sucesso, ao lado do chocolate submarino. Faz sanduíches razoáveis, ladeados por batatas chips de pacote, lasanha de pacote... até a sopa de ervilhas é pré-pronta (de latinha, da Campbell). Tem sempre um Fran’s perto de você, sendo que a unidade dos Jardins (Rua Haddock Lobo, 586) é praticamente gay.
sexta-feira, 1 de junho de 2007
Guia da Parada 2007, parte 2: onde comer
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Um comentário:
Eu ia pedir uma dica de japonês, mas nem precisou. Namorado adora lugares diferentes...
A diferença do Carnaval daqui e da Parada aí é que na Farme todo mundo se encontra. Mas quem sabe a gente não se esbarra, né?
A caravana vai ser ooootima...
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